domingo, 14 de fevereiro de 2016

ROLLING STONES COPACABANA 2006 - O MAIOR SHOW DA MAIOR BANDA DO MUNDO NO BRASIL COMPLETA 10 ANOS!

  

  Vamos imaginar a seguinte situação ridícula: Você é um pai de família de 26 anos, trabalhador, morador do interior de São Paulo em pleno ano de 2006, com mais de 12 anos de experiência em shows internacionais de proporções desde festivais até shows undergrounds em botecos ‘copo-sujo’. Eis que de repente você vê na TV que a Maior Banda de Rock and Roll de todos os tempos irá tocar na praia de Copacaba, Rio de Janeiro, de graça no mês de seu aniversário. Logo você avisa a esposa e a família que você estará lá fielmente para conferir aquele espetáculo único e sua mãe vira pra você e diz categoricamente “Você Não Vai!”. O quê? Mas como assim? Nunca disse não antes, apesar de não gostar nenhum pouco desse estilo de vida que você leva. E ainda faz a cabeça do seu pai para apoiá-la. O que você vai fazer? E porque o NÃO?
  Pois foi justamente essa situação ridícula que vivi há 10 anos atrás. Com o auxílio do meu amigo e ex parceiro de banda Paulinho ‘Bomba’ eu fui arquitetando como iria ver os ROLLING STONES e arrumamos uma excursão que não deu certo e tivemos que arrumar uma outra excursão para irmos eu e o Bomba ver a maior banda que já caminhou pela Terra, uma de nossas maiores influências, sem dúvidas, mas tudo isso sem que minha mãe interferisse, pois, na cabeça dela, Rio de Janeiro era uma espécie de Sodoma ou Gomorra, ou algo pior e por ser um evento gigantesco de graça em Copacabana ela temia por minha vida certamente, mas na base do grito eu afirmei que iria sim e os comuniquei na véspera do show que sim, eu estava embarcando naquela noite para o Rio e que eles assistissem a transmissão pela TV que, com muita sorte, poderiam me ver em meio à diversão como sempre nesse show de Rock de proporções apoteóticas!
Adesivo da ocasião, um dos poucos souvenires possíveis de se trazer
daquele pandemônio nas areias de Copacabana
  Embarcamos numa excursão que levou um ônibus cheio, um micro-ônibus (onde fomos) e mais uma van na noite do dia 17 de fevereiro, seis dias após meu aniversário, uma sexta feira quente para desembarcarmos na praia mais famosa do mundo na madrugada do dia seguinte. Com alguns atrasos chegamos lá por volta das 7hs da manhã e aquele lugar já estava tomado de gente de tudo quanto era parte da Terra e um trânsito enlouquecedor, nosso motorista deu uma cochilada e encostou na traseira de um Escort velho desencadeando uma das situações mais ridículas da viagem, dois cariocas desceram e foram extorquir nosso motorista nos dando a pior das boas vindas possível, alimentando aquele estigma que o carioca tem aos olhos do restante do país, uma grande bobagem, sabemos disso, todo estigma é uma falácia, mas esses elementos oportunistas é que dão a má fama aos conterrâneos, sei que nós, de dentro do veículo morrendo de sono percebemos os ânimos alterados do lado de fora do micro-ônibus que estava parado e resolvemos descer, vários cabeludos mal-encarados, um deles ‘bombadão’, nosso amigo André ‘Maldito’ Luiz (que apresentava o bloco de bandas nacionais do programa de rádio Coda On Line) resolveu perguntar o que estava acontecendo, e logo mais uns cinco resolveram descer também para ‘resolver’ o problema e para nossa sorte, poucos metros à frente mais cinco amigos nossos da nossa cidade natal, que resolveram encarar uma aventura dentro de um Opalão cheio de cervejas, fitas cassete e uma bateria de caminhão para alimentar o deck, estavam com seu grande Opalão detonado com um mega adesivo da língua no capô sendo filmados pela TV Globo, eles também resolveram nos ajudar naquele impasse que logo foi deixado de lado pelos nativos oportunistas deixando nosso motorista em paz para estacionar num lugar e podermos desembarcar para aquele longo dia sob o sol da ‘Cidade Maravilhosa’.
  E sim, aquele calor insuportável não me deixou ir de preto, logo selecionei uma camiseta branca da banda MADE IN BRAZIL (do disco “Deus Salva... o Rock Alivia!!!”) para ser minha vestimenta (fazendo par à um shorts jeans surrado, boné e um bom par de havaianas... hehehe), pois pra mim o MADE IN BRAZIL seria a banda perfeita e merecedora de tocar naquele dia, não os TITÃS, que estavam distante do Rock na época, ou aquele tal Afroreggae, mas enfim, fiz minha homenagem aos paulistas-stonianos que deveriam estar lá aquele dia e provavelmente estiveram para assistir.
Vista geral do palco exclusivo pra este show no Brasil
(reprodução da internet, meramente ilustrativa sem fins lucrativos)
  Rodando aquelas areias clássicas encontramos gente de todas as etnias, raças, crenças, posições sociais/filosóficas/políticas inimagináveis, funcionários públicos em greve fazendo piquete (acho que eram os agentes penitenciários do RJ), hippies, punks, rastas, malacos e malucos, rappers, headbangers, playboys, putas, traficantes, trombadinhas, socialites falidas, camelôs de tudo quanto era bugigangas relacionadas à banda, mais amigos e conterrâneos, vendedores de vinil com uma gama sem fim de LP’s dos STONES para negociação, mas quem iria arriscar comprar algo ali que levasse o dia todo em seu porte? Malemá consegui trazer pra casa a tal latinha especial da cerveja Skol ‘Edição Rolling Stones 2006’!  Enfim, a praia é o lugar mais democrático do mundo, aceita todo tipo de gente e os STONES adorariam aquele espetáculo que, segundo disseram os jornais da época, juntou 1 milhão e 300 mil espectadores em terra firme ou não, pois a orla na hora do show ficou tomada de barcos e iates luxuosos e vendo as imagens da época, facilmente encontradas na internet, no youtube etc... vê-se um tapete gigantesco de seres humanos sedentos por Rock ou simplesmente atrás do ‘oba-oba’ certeiro, mas quantos fãs estavam ali presentes não importa, não estou aqui pra discutir tal fato, isso deixo pros radicalóides que só reclamam, estou aqui pra exaltar a terceira passagem dos Maiores pelo Brasil, terceira passagem essa que esta semana completa 10 anos, coincidentemente (ou não) a mesma semana em que a mesma banda desembarca pela quarta vez no Brasil e tome ROCK AND ROLL & BLUES na cabeça!
Saca só um pouquinho da galera presente naquela noite mágica
(reprodução da internet meramente ilustrativa sem fins lucrativos)
  Daquela feita o show foi transmitido via TV aberta e a cabo, desta vez, talvez não teremos essa boiada, daquela vez gravaram aqui um DVD que saiu no ano seguinte num Box-triplo que trouxe outros show da mesma turnê e um documentário feito no RJ seguido do show quase inteiro (faltaram 3 músicas no DVD, uma delas aquela do disco de trabalho na época “A Bigger Bang”, que foi feita em homenagem à Luciana Gimenez, a brasileira que engravidou do Mick Jagger em 1998 na segunda passagem da banda pelo Rio, ‘Oh No, Not You Again’), vários clássicos, várias canções novas, uma homenagem ao recém-falecido RAY CHARLES, uma ida ao palco menor em meio à multidão (eu fiquei do lado desse pequeno palco), telões, muitos telões espalhados pela orla, um palco exclusivo pra esse show no Brasil, único na época e uma maldita área V.I.P. bancada pela empresa de celulares que pagou o cachê da festa em parceria com a Prefeitura do Município do Rio de Janeiro.
  Pois bem, segue abaixo a trilha sonora daquele dia inesquecível que só quem viveu pra saber como foi de verdade, por isso eu sempre digo aos leitores, saiam de casa, abracem as oportunidades como essa, vão a shows ao vivo, pois no final o que nos resta são as histórias pra contar, as boas histórias pra contar...
Ronnie Wood (g), Mick Jagger (v), Keith Richards (g/v), Charlie Watts (bt)
THE ROLLING STONES

SET LIST:
1.  Jumpin’Jack Flash/
2.  It’s Only Rock and Roll/
3.  You Got me Rocking/
4.  Tumbling Dice/
5.  Oh No, Not You Again/
6.  Wild Horses/
7.  Rain Fall Down/
8.  Midnight Rambler/
9.  Night Time is the Right Time/
(homenagem ao RAY CHARLES)
10.      This Place is Empty/
11.      Happy/
12.      Miss You/
(avanço para o palco menor)
13.      Rough Justice/
14.      Get Off of my Cloud/
15.      Honky Tonky Women/
(retorno ao palco principal)
16.      Sympathy for the Devil/
17.      Start me Up/
18.      Brown Sugar/
19.      You Can’t Always Get What You Want/
20.      (I Can’t Get No) Satisfaction/
Mick Jagger na passarela do palco menor


  Texto dedicado aos vários que lá estiveram e já se foram como o saxofonista que tocava com os ROLLING STONES na época, BOBBY KEYS e nosso saudoso amigo Biscoitão que estava lá conosco e um ano depois não estava mais ao nosso lado, aquele sim era uma verdadeira ótima companhia para shows de ROCK AND ROLL!

as costas de uma camiseta pirata daquele show.

o 'troféu' do dia!

"A Bigger Bang" disco trabalhado na época do show

"The Biggest Bang" o DVD resultante desta turnê mundial.


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