terça-feira, 29 de dezembro de 2015

LEMMY IS DEAD, A MORTE DO IMORTAL!


  Nem sei como começar esse texto, dá vontade de começar com um palavrão bem sonoro. Já tinha encerrado as postagens de 2015 pra Toca do Shark, até o vídeo de final de ano já foi postado, mas a velha de capuz preto e foice na mão resolveu fuder com nosso reveillon, taquipariu viu!
  Curiosamente o primeiro som do MOTÖRHEAD que conheci não era o Lemmy quem cantava, lembro bem, gravei no rádio, era 'Step Down' do disco "Bomber" de 1979 que era cantada por 'Fast' Eddie Clarke, guitarrista da formação clássica. Mas foi só o primeiro passo pra eu me afundar nesse submundo, grotesco, grosso, sujo e marginal chamado MOTÖRHEADBANGERS. Lemmy se tornou um dos meus prediletos, e quem não desejava vê-lo ao vivo tinha sérios problemas mentais, porque não dá pra explicar o cara ser fã de Rock pesado (não vou falar em metal, Lemmy que era Lemmy chamava tudo de ROCK AND ROLL) e não querer ver o MOTÖRHEAD de perto. Pois bem, quando anunciaram que o MOTÖRHEAD tocaria na terceira edição do festival Phillips Monsters of Rock eu já trabalhava de office-boy e me vi na obrigação de ir naquele fest e o fiz, vestido com a minha primeira peita do MOTÖRHEAD, com a capa do álbum "1916" (de 1991) eu vi pela primeira vez o corôa mais porra-louca do Heavy em ação. Uma experiência que em 2016 estará completando 20 anos e irei textualizar na época devida, como foi tudo aquilo!
O que sobrou da tal peita sagrada.
  Quatro anos depois lá ia eu de novo ver o MOTÖRHEAD mas dessa vez era só eles ao vivo numa casa fechada, a saber o recém inaugurado Credicard Hall de SP e o MOTÖRHEAD foi o primeiro show de Metal que a casa abrigou, os seguranças não sabiam como agir e na hora que a casa foi aberta, eles simplesmente deixaram todo mundo entrar correndo sem serem revistados uma loucura, eu, que estava com mais dois camaradas, corremos pra frente do palco e colamos na grade, ali eu descobri o que poderia ter avariado meus tímpanos, mesmo tendo ido à tantos outros shows de peso antes, nunca fui num tão alto até então. Lemmy, Mikey Dee e Phil Campbell simplesmente subiram no palco e os dois da linha de frente rodaram até o talo todos os botões dos seus amplificadores deixando o pau comer até o fim do show desgracento que se seguiu, o lendário 'Murder One' ali do lado, imponente, fazia par com o também gigante Rickenbacker, e Lemmy também gigantesco com suas botas de cowboy e chapéu era um só com aquele pedestal nas alturas, que experiência indescritível, experiência essa dezenas de vezes repetidas no Brasil desde 1989 quando tocaram aqui pela primeira vez, e que proporcionou a milhares de Rockers a chance de se encontrarem na 'presença de Deus', uma piada legal que começou com o filme 'The Airheads' ou, 'Os Cabeça-de-Vento' estrelado por Brendan Frasier e um estreante Adam Sandler em 1994, procurem no youtube e descobrirão do quê estou falando. (https://www.youtube.com/watch?v=bkBDkwa_WrU)

  Por fim, esse ano era pra ele ter marcado presença em mais uma edição do Monsters of Rock em SP, mas poucos minutos antes de subir ao palco, passou mal do estômago e foi levado às pressas ao hospital, deixando a banda incumbida de tocar com convidados como Paulo Junior do SEPULTURA empunhando seu clássico contrabaixo e Andreas Kisser na voz entre outros, mas a única banda que falou sobre ele e o homenageou mesmo foi o MANOWAR no segundo dia do festival, enfim, foi uma ausência fortemente sentida nesse festival, mas não tão fortemente sentida como sua passagem, na última noite, ontem veio a notícia direta do Eddie Trunk, apresentador do That Metal Show, não tinha como duvidarmos, Lemmy, que fez 70 anos há poucos dias e descobriu um câncer avassalador em seu interior há menos de 4 dias tinha morrido, pô, não foi só Lemmy que morreu, foi toda uma geração, foi o MOTÖRHEAD que morreu, como será a cena sem a notícia de mais um disco de inéditas do MOTÖRHEAD sendo lançado a cada dois anos, sem as respostas simples, diretas e ácidas que Lemmy proferia em cada entrevista? Como vamos viver sabendo que nunca mais poderemos ver o MOTÖRHEAD ao vivo? Sei lá, tempos nebulosos esses em que vivemos desde o ano 2000, pare pra pensar em quantos ídolos, veteranos, mestres e criadores perdemos desde a virada do século? Incontáveis e tá piorando cada dia mais... isso não tem volta, e nada para tapar essas lacunas deixadas...
O nome do documentário sobre sua vida
  Lemmy viveu como queria, (já viram o documentário sobre ele?), não se arrependeu de nada, então só nos resta celebrar sua história, sua vida e sua obra ouvindo suas músicas no volume mais alto possível e passar adiante às novas gerações essa obra inigualável, pois ele, à essas horas já se re-encontrou com Ronnie Dio, Joey Ramone, seu parceiro que morreu também este ano, Philty Animal Taylor e até seu ex-patrão Jimi Hendrix pra uma Jam gigantesca e eterna, se o tempo fechar nos próximos dias, saberemos que o peso das nuvens tem explicação.

  LONGA VIDA AO LEMMY, LONGA VIDA AO MOTÖRHEAD!!!!!!!!!!!!!!!!
Primeira fonte da terrível notícia, um tweet de Eddie Trunk (That Metal Show - VH1)


Uma das mais recentes fotos de Lemmy, tirada esse ano.

sábado, 26 de dezembro de 2015

DIRTY GLORY – O Hard Rock do Brasil mais vivo e vibrante do que nunca!


DIRTY GLORY – “Mind the Gap” (2015)
Independente (www.dirtyglory.com )
FAIXAS:
1.  Sticks and Stones/
2.  Failing the Test/
3.  20 Years of Moving On/
4.  Beyond Time/
5.  Black Lightning/
6.  Fire/
7.  Damn the Human Race/
8.  Every Time I Think About You/
9.  What’s Her Name Again?/
10.      Mr. Jack/
11.      Modern Gods/
12.      The Sentence/
  Olha, pra ser sincero essa banda está lançando seu primeiro álbum agora e já começou por cima, mas não, ela não nasceu pronta, esta por aí desde os idos de 2010, 2011 quando lançou o primeiro EP e veio lapidando de maneira esmeradíssima seu som, sua pegada, sua personalidade para enfim eclodir nesse disco (arrisco dizer) perfeito que é “Mind the Gap”.
  É Hard pesado, divertido, com pegada, personalidade, melodia, sentimento e talento de sobra. O disco que o KISS, o BON JOVI, o DEF LEPPARD e tantos outros dinos do Hardão andam tentando lançar nas últimas duas décadas mas não chegam nem perto. Essa banda deveria ser exportada, na Suécia seriam Top Ten com certeza, no Japão a ‘ovação’ seria gigantes, na terra do tio Sam tocariam bem na noite e nas FM’s, mas é aqui no Brasil que a banda reside e esse é o meu medo, pois assim como eles vi dezenas desde os anos 90, dezenas que desapareceram e eu temo pelo futuro desses 5 hard-rockers que parecem estar artisticamente prontos pra peitar o mundo sem ressalvas.
Dee Machado (g), Sas (bt), Jimmy DG (v), Reichhardt (g), Vikki Sparkz (bx)
DIRTY GLORY

  Além dessas bandas gringas que citei acima aparecerem nitidamente na sonoridade da banda que não teme em flertar com pitadas de Blues e uma timbragem mais atual nas guitarras, também sinto cheiro de HELLACOPTERS, TYKETTO, GOTHARD, TESLA, GUNS AND ROSES (da época em que eles eram perigosos), DANGER DANGER, WARRANT e tantas outras que fizeram a Sunset Strip arder feito o inferno nos 80’s.
  Recomendo a banda pra TODO MUNDO, uns poucos irão torcer o nariz mas a maioria eu asseguro a satisfação sonora total ou não são Rockers dignos, mas os da banda são e não haverá festa na Terra que não incendiará com esse play rodando, vislumbro até trilha sonora de filmes à lá ‘American Pie’ com essas músicas, mas aqui a coisa é mais difícil de acontecer, por isso aconselho essa banda a sumir daqui o mais rápido possível e levar o nome do Hard Rock brasileiro para outros continentes!

Contatos mais que imediatos se fazem através de:
facebook.com/dirtyglory
instagram.com/dirtyglory_official
youtube.com/dirtygloryband

Contato para shows e merchandising: contato@dirtyglory.com

Assessoria de Imprensa: ASE Music
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www.asepress.com.br/music



sábado, 12 de dezembro de 2015

VÁLVERA – “Cidade em Caos” (2015)


VÁLVERA – “Cidade em Caos” (2015)
Muqueta Records/ Voice Music (www.muquetarecords.com)
FAIXAS:
1.   Pra Baixo dos Pneus/
2.   Cidade em Caos/
3.   O Miserável/
4.   Escravo do Acaso/
5.   Sangue e Ouro/
6.   O Céu Pode Esperar/
7.   Redenção/
8.   Hora do Show/
9.   Extinção/

  VÁLVERA, um nome curioso e diferente, lembra o quê? Válvulas? Seria bem por aí o intuito desses quatro músicos que depois de anos perambulando por várias vertentes da boa música, resolveram pegar pesado de vez no sentido literal da palavra, e, após uns 5 anos de estrada entraram em estúdio (o renomado Mr. Som de vocês sabem quem)  pra expelir todas suas idéias no underground em forma de primeiro disco full-lenght, que agora temos em mãos com o singelo nome de “Cidade em Caos”, mais explícito, impossível!
  Thrash Metal das antigas, aliado à uma pitada de contemporaneidade desencanada e letras em bom português, para que se faça entender muito bem por todos, essa é a marca do som da banda que expele via guitarras nervosas (Glauber Barreto e Rodrigo Torres), cozinha insana e precisa (Jesiel Lagoin no baixo e Vini Rossignolo na bateria) e um bom e forte vocal à frente (por conta também de Glauber) suas idéias sobre o caos cotidiano em que vivemos desde que nascemos e só tende a crescer desenfreadamente dia-a-dia...
Rodrigo Torres(g), Glauber Barreto (g/v), Vini Rossignolo (bt), Jesiel Lagoin (bx)
VÁLVERA

  Letras dando no meio dos rins de pseudo-ateus e os ditos religiosos também, são o mote de várias letras da banda que mais parece uma metralhadora giratória massacrando todos os hipócritas à sua volta, e olha que atualmente temos em demasia, com exceção de ‘Hora do Show’ que expressa bem o que somos e precisamos.
  Resumindo sem ser preguiçoso, é bom pra cacete, é forte e pesado o suficiente e competente acima da média pra ninguém sair falando merda, mas como sabemos que sempre terão os que irão falar, afinal, toda unanimidade é burra, deixemos todos ouvirem e tirarem suas próprias conclusões...
Contatos mais que imediatos faz-se via:




Jesiel Lagoin (bx), Glauber Barreto (g/v) e Rodrigo Torres (g)

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

EDGAR FRANCO, O CIBERPAJÉ: ARTE, AUTO-REVOLUÇÃO & INTEGRALIDADE.


 TOCA DO SHARK: Conte-nos quem é EDGAR FRANCO antes de ser o CIBERPAJÉ.
EDGAR FRANCO: Sou um ser em evolução, na busca pela transcendência, pela reconexão com minha essência cósmica. A mistura estranha de um menino cheio de pureza e admiração diante da vida, com um Lobo Selvagem ancestral que já enfrentou milênios de tempestade, dor, e lambeu suas feridas até torná-las belas cicatrizes de batalha. Um ser nascido no umbigo do mundo, o Cerrado Brasileiro, área primeva mais antiga do planeta, onde a vida floresceu e a espécie humana surgiu nesse nosso multiverso. Desde o início dessa minha nova jornada no Século XXI escolhi a arte como minha forma de magia e transmutação da realidade, e as narrativas visuais são meus rituais de mutação e transubstanciação, a arte é uma ferramenta para minha autocura. Para respaldar minha existência material nessa jornada foi necessário escolher um caminho pragmático que permitisse a continuidade de meus rituais artísticos de transmutação e escolhi a chamada “carreira acadêmica”, tornando-me um pesquisador e professor das artes visuais. Para isso busquei as credenciais do “vaidoso e pedante universo da academia” e realizai um mestrado em multimeios na Unicamp, um doutorado em artes na USP, e um pós-doutorado em arte e tecnociência na UnB. Hoje sou considerado um artista transmídia, que utilizo o meu universo ficcional e magístico chamado “ Aurora Pós-humana” para realizar criações artísticas nas múltiplas mídias como histórias em quadrinhos, ilustrações, desenhos, pinturas, contos, poemas, aforismos, HQtrônicas, animações, web arte, instalações interativas, videoclipes, música e performances com minha banda POSTHUMAN TANTRA. Também oriento pesquisas de mestrado e doutorado no Programa de Pós-graduação em Arte e Cultura Visual da Universidade Federal de Goiás.
 
Edgar Franco (a.k.a. Ciberpajé)
T.S.: Como nasceu o CIBERPAJÉ?
E.F.: O Ciberpajé é o meu novo nome de ser renascido, um título auto declarado. Eu criei o processo ritualístico de transmutação que me tornou Ciberpajé durante uma profunda crise espiritual que vivi no ano de 2011, deflagrada inicialmente por uma impactante experiência com o enteógeno Psilocybe Cubensis que causou uma revisão de muitos dos valores pessoais que ainda regiam minha vida naquele momento. A crise levou-me à percepção da absoluta podridão, todas as máscaras do mundo esfacelaram-se diante de mim e vi tudo muito claramente, com uma limpidez absoluta. Toda a imundície em sua forma mais obtusa e ao mesmo tempo toda a infinita beleza dos multiversos, percebi não existir nenhuma paradoxo entre esses extremos. A dicotomia do mundo, os maniqueísmos da cultura, os dogmatismos de nossa espécie, que já eram por mim repudiados, tornaram-se percepções abjetas da imundície, mas que também são minhas constituintes como a imagem holográfica de minha espécie e do cosmos que sou. Vislumbrei o infinito da existência e criei o ritual de transmutação desenvolvido em 10 passos, e 10 chaves, 10 dias de meditação e criação artística em que defini os valores que me guiariam a partir do meu renascimento. O décimo dia foi meu aniversário de 40 anos de idade nessa existência, e fechei o ritual gravando em único take a música ‘Ciberpajé’, minha declaração de ser renascido. O Ciberpajé não é um guru, ou criador de seita, a única cura que procuro é a minha cura. A busca dessa cura que consiste na completa aceitação do que sou, na conquista de minha integralidade, eventualmente poderá inspirar outras pessoas. Sou um artista magista criador de mundos ficcionais que utiliza essas criações para a modificação de minha realidade, sou o Ciberpajé.

Ciberpajé


T.S.: Do que se trata o seu projeto musical POSTHUMAN TANTRA?
E.F.: O POSTHUMAN TANTRA é meu projeto musical transmídia, nasceu em 2004 como mais uma das formas de expressar-me no contexto de meu universo ficcional, como uma trilha sonora da “Aurora Pós-humana”. Nos primeiros anos era uma one-man-band de estúdio, através da qual eu desenvolvia meus experimentos ritualísticos sonoros num estilo que eu defini como Sci-fi Ambient Experimental (ambiente sonoro experimental de ficção científica). A “Aurora Pós-humana” é uma ficção científica através da qual realizo um deslocamento conceitual acelerando todos os avanços da tecnociência contemporânea nos campos da nanoengenharia, biotecnologia, robótica e telemática, para discutir seus impactos no humano, destacando o papel da transcendência e tecnognose nesse futuro possível. Cada CD traz narrativas musicais diferentes ambientadas nesse universo. De 2004 até hoje (2015), já lancei 4 álbuns oficiais por selos da Suíça e Brasil, 8 split-CD’s por gravadoras da França, Japão e Inglaterra, várias boxes e inúmeras participações em compilações nos 5 continentes do planeta. Em 2010 iniciei as apresentações ao vivo do POSTHUMAN TANTRA que no palco é uma banda mesmo, com músicos e performers convidados que integram o grupo de pesquisa CRIA_CIBER que coordeno.

T.S.: E os Aforismos e HQforismos?
E.F.: Os aforismos do Ciberpajé surgiram como uma forma de expressar minhas experiências de vida, reflexões (a)morais sobre minha vivência no mundo, sobre aquilo que experiencio em minha vida ordinária, no dia a dia, na convivência com nossa espécie e as demais espécies gaianas. Também sobre minhas experiências multidimensionais e trato com outras espécies não gaianas. Não são sentenças dogmáticas ou derivadas de teorias e experiências alheias, são uma forma de eu fixar minhas experiências e seu sentido profundo para mim. Comecei a publicá-los nas redes sociais e muitas pessoas despertaram seu interesse por eles e muitos desdobramentos surgiram. Fui convidado a manter uma coluna semanal de aforismos no “Jornal do Pontal” , publicado em minha cidade natal Ituiutaba, mas que também circula no triângulo mineiro. A coluna já está a 90 semanas sendo publicada. A pesquisadora de minha obra, a IV Sacerdotisa da Aurora Pós-humana, Danielle Barros, está organizando um livro com meus aforismos, que em breve alcançarão o número de 2 mil e também mantém a página no Facebook “Aforismos do Ciberpajé”, atualizada diariamente com novos aforismos e já com mais de 2500 seguidores. Em 2014 recebi um convite da gravadora Lunare Music para realizar um projeto musical com o nome “ Ciberpajé” constituindo-se basicamente da musicalização de meus aforismos recitados por mim, desde então já foram lançados dois EP's do projeto: “ A Invocação da Serpente”, parceria com a banda EACH SECOND (SP); e “ Lua Divinal”, parceria com a banda GORIUM (MT). E esse ano, numa parceria com o lendário poeta Barata Cichetto e a revista “Gatos & Alfaces” lançamos o CD “Ciberpajé: Egrégora”, com 21 bandas de 5 países musicando aforismos gravados por mim.
Edição especial da "Gatos & Alfaces com
o CD "Egrégora" encartado.
  Os HQforismos são um desdobramento natural de minha atuação como quadrinhista, sou inclusive apontado como um dos pioneiros brasileiros do gênero poético-filosófico dos quadrinhos no Brasil. Os HQforismos nasceram como a mistura entre HQ e aforismo, ou seja são HQs aforísticas compostas de um breve texto aforismo e uma imagem, um sub-genêro dos quadrinhos poético-filosóficos, assim batizado por mim e pela pesquisadora e artista Danielle Barros. Eles nasceram também nas redes sociais, mas já migraram para revistas em quadrinhos e fanzines.

T.S.: Seu trabalho gráfico é ímpar, todo confeccionado pelas suas próprias mãos, como se deu o seu início nas artes visuais?
E.F.: Como revelei ao pesquisador e pós-doutor Elydio dos Santos Neto em entrevista para o livro que escreveu sobre minha obra  - “ Os Quadrinhos poético-filosóficos de Edgar Franco” – Editora Marca de Fantasia, desde a mais tenra idade eu já criava narrativas visuais. Fui incentivado por meu pai, Dimas Franco, a ser um leitor desde os 2 anos de idade. Ele comprava semanalmente gibis para mim, isso fez com que eu aprendesse a ler com apenas 5 anos. O fascínio pelos quadrinhos persistiu mesmo após meu encontro com a literatura e aos 12 anos publiquei minha primeira HQ em um fanzine. Na década de 1990 tornei-me assíduo criador de quadrinhos e ilustrações publicadas em centenas de fanzines do Brasil e exterior, também passei a criar inúmeras artes para capas de demo, camisetas, LP’s e CD’s de bandas do Brasil e exterior, essa foi minha escola como artista visual autodidata. Com 19 anos entrei para a faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UnB, e foi um período importante para a ampliação e conhecimento de novas técnicas artísticas. O reconhecimento da unicidade de minhas narrativas visuais veio a partir do ano 2000, com premiações nacionais como o “Troféu Bigorna” de melhor revista em quadrinhos de aventura e FC para minha revista “Artlectos e Pós-humanos”, indicações ao “Troféu HQmix”, e também 2 livros acadêmicos escritos sobre minha obra, e mais de uma dezena de artigos sobre minha arte escritos por pesquisadores de áreas diversas como filosofia, educação, comunicação, biologia, história e  artes. Sigo com muito entusiasmo minhas criações artísticas, sempre pronto a experimentar novas formas expressivas. Como criador do POSTHUMAN TANTRA, propus a mim mesmo o desafio de desenvolver todos os aspectos visuais que envolvem a banda, assim, sou o criador de todas as artes de capa e encartes dos CD’s, o que me dá muito prazer.


Dois belos exemplos de seus traços

T.S.: Qual a filosofia por trás de todo seu trabalho transmídia como CIBERPAJÉ?
E.F.: A minha filosofia é a do autoconhecimento e da auto-revolução!   Todas as revoluções planetárias fracassaram, seguimos como espécie odiando-nos, criando dogmas ideológicos, culturais e religiosos que nos dividem, geram intolerância, ódio e sofrimento. Continuamos devastando insanamente Gaia e todas as espécies irmãs que conviveram por milênios conosco. As religiões que poderiam mudar o mundo são apenas antros de líderes hipócritas ávidos por lucro, pregando preceitos morais arcaicos, iludindo com promessas de paraíso, discursos calvinistas de enriquecimento, e preceitos de ódio ao diferente.
  As multinacionais comandam o globo, lideradas por 66 hiper milionários que detêm mais de 50% das ditas “riquezas” do planeta e não estão satisfeitos, seguem devastando e pilhando em nome do lucro. Idiotas fanáticos em possuir coisas que consideram ouro e diamantes “riquezas”. Os políticos são apenas marionetes bem pagas comandadas pelos 66. As massas seguem controladas e robotizadas por oferta crescente de entretenimento enebriante e alienante, programadas pelos magos obscuros da publicidade que lhes ensinam a falsa “felicidade” do ter, adictos de compras intermináveis programadas pelo sistema da obsolescência programada. Lutar diretamente contra esses poderes maléficos é morte certa. Por isso a revolução possível é a individual, a tomada de consciência do ser, de suas responsabilidades para com a nossa espécie, para com as outras espécies, o mergulho em si mesmo em busca do autoconhecimento que pode nos libertar de todos os apegos e do vício por prazeres voláteis. O amor não existe mais no planeta, é tão raro quanto os Mamutes, pois o amor sob vontade é livre de apegos, incondicional, aberto às diferenças e complexidades do outro, a mídia transformou o conceito de amor no veneno obtuso da paixão, um lixo imbecil elevado como sentimento supremo. Nossa espécie caminha a passos largos para o fim, conclamo a todos que busquem sua integralidade, revolucionem-se enquanto ainda é tempo. A arte é minha forma de autoconhecimento e auto-revolução, minha panaceia de cura no processo de integralidade e transcendência.

T.S.: Você conta com alguns integrantes convidados nas apresentações ao vivo do POSTHUMAN TANTRA?
E.F.: Nas performances ao vivo do POSTHUMAN TANTRA tenho ao meu lado, como integrante oficial, minha esposa Rose Franco, a I Sacerdotisa da Aurora Pós-humana, ela atua como musicista e performer. Além dela temos trabalhado com muitos performers, assistentes de palco e VJ’s convidados. Desde 2010 mais de 15 integrantes passaram pela banda como convidados, todos eles eram, ou ainda são integrantes do grupo de pesquisa CRIA_CIBER, que eu coordeno na UFG. As performances do POSTHUMAN TANTRA utilizam múltiplos efeitos multimídia, somos a primeira banda brasileira a usar efeitos computacionais de realidade aumentada (RA) no palco, também utilizamos interação com vídeo, ações teatrais e mágica eletrônica. Conto com o auxílio desses parceiros convidados para que as performances aconteçam como deve ser. No momento o POSTHUMAN TANTRA ao vivo é composto por mim, pela I Sacerdotisa, pelo figurinista e performer Luiz Fers e pelo VJ Lucas Dal Berto.


Gravação do CD "Lúcifer Transgênico" do
POSTHUMAN TANTRA

T.S.: Recentemente o POSTHUMAN TANTRA sofreu uma espécie de censura por parte de um conselho de uma universidade na qual se apresentou ao vivo, como foi o episódio?
E.F.: Sim, uma grave censura em pleno Século XXI, atitude medíocre e dogmática de seres ridículos que se dizem professores de uma universidade. Vou reproduzir aqui parte do texto denuncia usado nas redes sociais no dia seguinte à censura:
“Em 22 de outubro de 2013 tivemos nossa performance interrompida na quarta música (de 8 programadas) durante o “Congresso Internacional de Pesquisa, Ensino e Extensão da UniEvangélica de Anápolis/GO”. Ao final do quarto ato, intitulado "Iniciação sexual com um robô multifuncional", a organização do evento acendeu as luzes do auditório e numa atitude de explícita censura bradou do fundo do auditório que a apresentação estava encerrada, causando enorme constrangimento em toda a equipe do POSTHUMAN TANTRA. O tempo da apresentação tinha sido combinado previamente com a organização e teríamos ainda mais de 25 minutos, o que daria para completar o set. Após a atitude inquisitória de censura explícita, tentei ponderar, mas não fui ouvido e declarei então para todos os presentes que estávamos sendo censurados, tudo está registrado em vídeo que pode ser visto no canal do POSTHUMAN TANTRA no Youtube. O POSTHUMAN TANTRA foi convidado pela organização do evento, que ao realizar o convite deveria saber do que se trata nossa performance artística - existem vídeos, fotos e detalhes sobre ela em nosso canal do Youtube, Myspace e Facebook. A apresentação foi programada com os mesmos atos que têm sido apresentados em 4 regiões brasileiras, em eventos nacionais e internacionais de pesquisa. Inclusive , no dia 20 de setembro de 2013, realizamos uma apresentação na UEG (Universidade Estadual de Goiás) em Anápolis com excelente recepção e resposta do público presente. Não bastasse o ato de censura e todo o constrangimento que passamos ainda ocorreu uma pressão para que deixássemos o palco o mais rápido possível. O POSTHUMAN TANTRA é uma ação artística que integra as investigações do grupo de pesquisa CRIA_CIBER, cadastrado no CNPq e ligado ao Programa de Pós-graduação (mestrado e doutorado) da Faculdade de Artes Visuais da Universidade Federal de Goiás, do qual sou professor permanente. Todos os integrantes presentes no palco eram pesquisadores do grupo de pesquisa. Um episódio triste, que denota uma atitude discriminatória e arcaica de uma instituição universitária diante de uma apresentação de caráter artístico que se propõe a gerar reflexões e promover diálogos. Uma universidade deve estar aberta à "diversidade", ao "universo de saberes possíveis". Esclareço que o POSTHUMAN TANTRA não se liga a nenhum dogma e continuaremos nossa saga ainda com mais entusiasmo e energia! Destaco ainda que no dia 5 de novembro de 2013 foi enviada - pela coordenação do Programa de Pós-graduação em Arte e Cultura Visual, da FAV/UFG, uma moção de repúdio à censura ao POSTHUMAN TANTRA que aconteceu durante o Congresso Internacional de Pesquisa, Ensino e Extensão da UniEvangélica de Anápolis/GO. A Moção foi encaminhada aos coordenadores do evento que assinaram o convite impresso feito à Edgar Franco e equipe, sendo eles: o Reitor da UniEvangélica, o Prof. Msc. Carlos Hassel Mendes da Silva; o Prof. Dr. Francisco Itami Campos, Pró-reitor de Pós-graduação, Pesquisa, Extensão e Ação Comunitária; o Chanceler da UniEvangélica, o Sr. Geraldo Henrique Espíndola; e o Pró-reitor Acadêmico Prof. Ms. Marcelo Mello Barbosa. Nunca obtivemos nenhuma resposta à essa moção de repúdio e nenhum esclarecimento daquela instituição. Quanto a ser ofensivo, acredito que o que assustou os organizadores foi sua mentalidade medieval e despreparada que não teve o mínimo cuidado de tentar compreender o contexto de nossa performance e as reflexões críticas sobre as relações entre homem e tecnologia. Para mentes tacanhas representamos uma iconoclastia profunda, somos os arautos da dúvida que abalam as estruturas dos dogmas, que ameaçam tirar os incautos de seus úteros acolhedores, das mentiras seguras em que estão mergulhados. Muitas pessoas saem impactadas de nossas performances e a recepção é sempre extremista, ou gostam muito ou odeiam, e as duas reações nos interessam. Esse ato de censura foi uma prova para nós de que o que fazemos tem relevância, não criamos arte para entreter idiotas, criamos arte para nos expressarmos diante das mazelas desse mundo, assim é, assim será.”
 
O TRIBUTO
T.S.: Em compensação o POSTHUMAN TANTRA também foi alvo de um disco tributo organizado na Europa, correto?
E.F.: Sim fui honrado com esse convite para a comemoração em grande estilo de uma década de existência da banda. Em 2014 o POSTHUMAN TANTRA completou 10 anos de estrada e a gravadora inglesa 412 Recordings propôs o lançamento de um álbum duplo tributo à banda, uma forma digna e bela de comemorar os 10 de existência como uma das forças pioneiras do gênero dark ambient no Brasil. O selo me deu completa liberdade para escolher e convidar as 14 bandas, de 4 países, que integram o tributo. O álbum duplo veio em uma embalagem especial de DVD com cards exclusivos criados pelo artista Jorge Del Bianco e ainda um chaveiro como brinde para as 100 primeiras unidades. A variedade musical do tributo é incrível, temos o Avantgarde Metal do SCIBEX (Brasil), o Death Ambient experimental do BLAKR (Inglaterra), o Dark Ambient do EACH SECOND (Brasil) e do NIX`S EYES (Brasil), o Noise Extremo do GOD PUSSY (Brasil), o Ambient atmosférico do DATHURA SUAVOLENS (Brasil), o Death Industrial do MELEK-THA (França), o Black Metal técnico e melódico do HIDDEN IN PLAIN SIGHT (projeto de membros da lendária banda black metal MURDER RAPE), o Black Metal ríspido do LUXÚRIA DE LILITH (Brasil), o Ritual Ambient do EMME YA (Colômbia), o Dark Ambient do GORIUM (Brasil), o Noise Ambient do XA-MUL (Inglaterra), o Black Ambient do ALDFRITH (Brasil) e o Progressivo Experimental do ALPHA III (Brasil).


T.S.: Pra finalizar, nos deixe todas as formas de contato com sua obra.
E.F.: Agradeço o generoso espaço no já lendário TOCA DO SHARK! Abraço cósmico do Ciberpajé.
Para saberem mais sobre o meu trabalho, visitem os links:

Blog “A Arte do Ciberpajé Edgar Franco”, atualizado semanalmente com minha produção nas múltiplas mídias:  http://ciberpaje.blogspot.com.br

Loja da “ Aurora Pós-humana”, loja virtual, onde é possível adquirir com cartão de crédito ou boleto bancário meus CD’s, álbuns de quadrinhos, fanzines e outros itens: http://www.elo7.com.br/auroraposhumana

Página “Aforismos do Ciberpajé”, atualizada diariamente com meus aforismos, HQforismos e fotoforismos:

Canal do POSTHUMAN TANTRA no youtube com videoclipes da banda e trechos de performances ao vivo:

Projeto musical Ciberpajé – ouça na íntegra o primeiro EP  “A Invocação da Serpente" https://lunarelabel.bandcamp.com/album/ciberpaj-invoca-o-da-serpente

Projeto Ciberpajé – Ouça na íntegra o EP “Lua Divinal”:


FOTOS: Gentilmente cedidas por Edgar Franco.


Single "A Invocação da Serpente"