sábado, 30 de novembro de 2013

CENTÚRIAS - A MÁQUINA NÃO VAI PARAR!


TOCA DO SHARK: Como se deu o retorno do CENTÚRIAS?
RICARDO RAVACHE: Em 2011 houve uma edição especial do 'Stay Heavy Metal Stars', do Programa Stay Heavy, com suas tradicionais jams, dessa vez com petardos do Metal Nacional. Fui convidado para tocar a música 'Massacre', do TAURUS. No decorrer do evento, quando rolou a música 'Metal Comando' do CENTÚRIAS, o Cachorrão foi convidado para subir no palco e dividir os vocais, absolutamente de improviso. Nisso, eu, o Paulão Thomaz e o Tadeu Dias, que fizemos parte da banda no passado, também subimos e ficamos agitando. Logo em seguida, o nosso amigo Ricardo Batalha não teve dúvida: chamou o Cachorrão na chincha e ordenou a volta da banda!
Nilton 'Cachorrão' Zanelli (v)


T.S.: É verdade que vocês foram ‘pedir a bênção’ do Paulão Thomaz (atual BARANGA e KAMBOJA)?
NILTON "CACHORRÃO" ZANELLI: O Paulão é o único fundador do CENTÚRIAS que esteve em todas as formações e, para que essa volta se concretizasse, tínhamos que conversar com ele para saber se gostaria de participar – em caso negativo, se permitiria o uso do nome. Ele disse que não seria possível participar por estar focado no BARANGA e agora também no KAMBOJA, mas não se opôs que déssemos sequência ao legado do CENTÚRIAS. É por isso brinco que o Paulão 'deu a benção' para essa volta. Foi uma questão de respeito mesmo.

T.S.: Falem um pouco sobre os músicos Roger Vilaplana (g) e Julio Príncipe (bt), de quais bandas eles vieram e como chegaram ao CENTÚRIAS?
CACHORRÃO: O Roger é nosso amigo dos anos 80, ele tocava guitarra no NOSTRADAMUS e sempre nos víamos no Rainbow Bar, lugar onde muitas bandas que fizeram parte da cena da época tocavam e trocavam ideias. Uma coincidência interessante é que ele tem participação na autoria em cinco faixas que foram gravadas posteriormente no álbum “Ninja” de 1988. O Julio também é nosso amigo de longa data e, além de ser um excelente baterista, está se mostrando um grande compositor. Outra coincidência é que ele tocou no FIREBOX após a saída do Paulão, ou seja, de certa forma está tudo em casa... (risos). Ele toca também no AGGRESSION TALES.
Julio Principe (bateria)

Roger Vilaplana (guitarra)
 T.S.: Sobre as canções novas – ‘Ruptura Necessária’ e ‘Sobreviver’ –, as letras continuam naquela mesma temática de lutar sem baixar guarda e seguir adiante sem olhar pra trás nem contabilizar as derrotas, o que é uma premissa na cena do Rock Pesado nacional. Conte-nos como foram desenvolvidas?
RAVACHE: A 'Ruptura Necessária' foi um caso de letra escrita sobre a música já pronta. Numa noite, há dez anos, eu brincava no teclado quando surgiu o tema inicial. Aquilo ficou na cabeça e, com o passar do tempo, foi tomando forma, mas alguma coisa me dizia que aqui 'dava samba' (risos).  Recentemente, quando chegou o momento de o CENTÚRIAS começar a criar material novo, foi natural que eu apresentasse a 'Ruptura...', porém não tinha letra. Bastou uma noite de insônia para que ela surgisse. Precisava de uma temática forte com palavras sérias e, além disso, a ideia era privilegiar a voz, que deveria soar, por vezes, incisiva e agressiva e por outras, melodiosa. 'Sobreviver' é criação do Julio Príncipe, nosso baterista, que se revelou um grande compositor! Ela também nasceu num teclado... Segue a linha da 'autoajuda', da palavra de ordem e ânimo, da energia e determinação que todos precisamos para ‘matar o leão diariamente’ – sem alusão ao Leão, nosso querido amigo e cunhado do próprio Julio (risos). O simples e genial refrão é obra do Cachorrão.

T.S.: No show do "Super Peso Brasil" vocês tocaram outra canção inédita que não saiu nesse novo EP "Rompendo o Silêncio", que era ‘Inúteis Palavras’. Por que não saiu nesse lançamento?
CACHORRÃO: A 'Inúteis Palavras' é uma música que gosto muito e foi gravada em 2009. Ela foi composta pelo Ravache e fará parte do documentário “Brasil Heavy Metal” que, apesar de muitos atrasos, deverá ser lançado no primeiro semestre de 2014. Para manter o ineditismo, ainda não foi divulgada sua versão de estúdio, a pedido do produtor desse projeto, mas já faz parte do set list atual do CENTÚRIAS.

 T.S.: Para quem acompanha a banda pelas redes sociais, nota-se que a demanda de shows da banda anda agitada, é isso mesmo, a cena do Heavy Metal em português está dando uma renascida?
RAVACHE: Sim. Temos nos apresentado com uma regularidade quase que surpreendente para nossa expectativa inicial, o que nos deixa muito felizes. A banda sempre teve uma atuação local. Após o 'Rompimento do Silêncio', nós pelo menos já saímos do estado (risos). Já tocamos no Rio de Janeiro a convite do METALMORPHOSE, com o STRESS e SALÁRIO MÍNIMO. Temos recebido sondagens para eventos em outros estados, com boas possibilidades de levarmos o Metal paulista pelo Brasil afora. Felizmente, a agenda está num ritmo bom de apresentações. Quanto ao Metal em português, só vejo público e bandas cada vez mais honrando e trabalhando em prol dessa causa. Acho isso sensacional!
CD novo e as famosas plaquinhas que são lançadas ao público!

T.S.: O que vocês têm a dizer sobre o show do "Super Peso Brasil" e de como se deu a escolha de André Góis (VODU, DESASTER) como convidado especial?
RAVACHE: O “Super Peso Brasil” ainda está sendo processado nas mentes de todos que participaram. Sucesso absoluto de público, numa casa com a tão merecida qualidade de som, um clima de absoluta amizade e confraternização, um dia extremamente agradável e shows matadores (perdoe a falta de modéstia) por parte de todas as bandas, com direito a fim apoteótico com todos os músicos em cima do palco. Todos saíram de lá na expectativa de não digo uma, mas várias continuações. Ficou provado que um evento de Heavy Metal cantado em português bem organizado chega a ser lucrativo para os organizadores. Foi descoberta a fórmula do sucesso! Quanto ao André Góis, não foi apenas um convidado especial, mas também um amigo especial de longa data, afinal de conta, VODU e CENTÚRIAS dividiam o palco no Espaço Mambembe lá por volta de 1987. Além disso, o André mostrou uma garra, segurança e domínio de palco impressionante. Esse menino mandou bem. Tem futuro (risos).

CENTÚRIAS com André Góis (VODU, DESASTER)
no show do "Super Peso Brasil"

André Góis e Cachorrão cantando os clássicos do "S.P. Metal I" (1984)

T.S.: O que podemos esperar do CENTÚRIAS para 2014?
CACHORRÃO: Muitos shows, novas composições e, se tudo der certo, um novo CD. O single “Rompendo o Silêncio” foi um exercício para saber como nos sairíamos em estúdio e pelas opiniões que recebemos as novas músicas estão tendo uma ótima aceitação. Isto nos deixa motivados para seguir em frente com mais força ainda e usando uma frase da 'Sobreviver': 'A máquina não vai parar...'.

Contato:
www.facebook.com/centuriasheavymetal
www.centurias.com.br

Shows e merchandising: contato@centurias.com.br


RESENHA:

“Rompendo o Silêncio” (2013 – EP)
FAIXAS:
1 – Ruptura Necessária/
2 – Sobreviver/

  E a poderosa força metálica dos anos 80 paulistana está de volta!
  Sim, o CENTÚRIAS, depois de longos 25 anos resolveram literalmente romper o silêncio e lançar este EP com 2 músicas (sim, eu sei que é beeeeem pouco, mas já é um ponta pé inicial), aliás, tratando-se de veteranos da cena, menos é mais e que belos futuros-hinos são essas 2 faixas.
  Com toda aquela aura oitentista de ‘Luta e Honra, Glória e Poder’ (como diz a letra de ‘Ruptura Necessária’), mas com a vantagem das gravações excelentes do século XXI e a experiência acumulada dos músicos, como por exemplo as linhas de baixo incrivelmente pesadas e elegantes de Ricardo Ravache ou dos vocais (mais) fortes e bem afinados de Nilton ‘Cachorrão’ Zanelli, aliados à bateria precisa e sustentadora de Júlio Príncipe e a guitarra áspera e cortante de Roger Vilaplana, esse EP é uma bela porta de entrada para novos fãs e um belo presente aos velhos fãs que se mantiveram fiéis e felizes com o retorno da banda.
  Que venha um álbum completo agora Centurianos!



Discografia oficial anos 80
FOTOS:  Brasil Music Press (http://www.brasilmusicpress.com), Ricardo Ferreira e Kubometal Fotografia Undergound (https://www.facebook.com/KUBOMETALFOTOGRAFIA?fref=ts).
Agradecimentos finais a Ricardo Batalha e todos membros da banda CENTÚRIAS por ter nos atendido tão bem e educadamente, Ricardo Ravache, Nilton Zanelli, Julio Príncipe e Roger Vilaplana.


domingo, 24 de novembro de 2013

22 anos sem ERIC CARR, o maior baterista que o KISS já teve!

  


  No dia 24 de Novembro de 1991 eu ainda tinha 11 anos, estava engatinhando no mundo do Rock and Roll mas já conhecia KISS e QUEEN, óbvio, as duas foram portas de entrada para uma geração inteira de fãs de Rock no Brasil dada a visita das duas bandas ao Brasil no começo da década de 80.
  Nesse exato dia 2 estrelas se apagaram aqui na Terra para se acenderem no Cosmo infinito do Hall da Fama eterna dos verdadeiros astros e artistas do Rock And Roll Mundial, Freddie Mercury e Eric Carr. “Eric quem?” Muitos estão se perguntando. Pois bem, lá vai:

Eric Carr e Freddie Mercury
  Paul Charles Caravello era um baterista de Soul e Black Music dos anos 70 que foi selecionado pelo KISS em 1980 para substituir o já decadente baterista original da banda, o inigualável Peter Criss que naquela época estava em situação crítica, entregue ao álcool e às drogas, uma lástima que se consertou com o tempo, mas bem, na época Paul tinha 30 anos e era de uma família musical, (assistam o documentário ‘Inside the Tale of the Fox’ de 2000) e assim sendo vinha há anos batalhando de banda em banda até que um amigo lhe sugeriu fazer o teste no KISS, banda que ele só conhecia de ouvir falar, mas foi selecionado por Gene Simmons e ganhou a 
personagem de Raposa por ser considerado ‘astuto feito uma raposa’, mas a maquiagem demorou pra sair, Paul Stanley desistiu e foi embora pra casa deixando Paul, agora com o pseudônimo de Eric Carr (afinal 2 Pauls numa banda daria confusão) à sós com o empresário da banda madrugada a dentro desenvolvendo a maquiagem que ele usaria na turnê do “Unmasked”, com o KISS que se iniciou em 25 de Julho de 1980. Já de cara sendo aprovado pela plateia que adorou seu jeito pesado de tocar.
  Gravando o disco “The Elder” com o KISS ninguém ficou sabendo de seu talento, tão pouco de sua existência, pois o disco não tinha fotos e foi um fracasso de vendas (vocês sabem disso) então ele ficou no anonimato até 1982 quando saiu o disco “Creatures of The Night” que trazia ele na capa do disco com a banda e sua bateria LÁ EM CIMA na mixagem. O clipe de ‘I Love it Loud’ literalmente hipnotizou uma geração inteira de bangers com sua batida militar e pegada Heavy Metal. A turnê de 10 anos da banda os trouxe ao Brasil pela primeira vez e todos se lembram do clipe da banda em todos os programas de TV e a música tocava até em rádios AM!

  Mesmo com toda a burrice da imprensa brasileira à época (que já tinha Vinnie Vincent no lugar de Ace Frehley), um dos destaques da transmissão do show deles na TV aberta nacional foi a bateria sobre um tanque de guerra (que era a arte do cartaz da turnê), de onde Eric fazia seu solo animalesco com direito até a tiros do próprio canhão do tanque!
  Detalhe, esse tipo de aparato já tinha sido usado em 1977/1978 pela banda brasileira MADE IN BRAZIL na turnê "Massacre" onde a banda tinha um tanque de guerra azul com estrelas brancas no palco onde a bateria ficava encaixada. Não estou querendo dizer nada com isso, só registrando novamente o pioneirismo brasileiro que foi abruptamente podado pela censura vigente na época.

Tanque/bateria usado na turnê de 10 anos da banda

  Pois bem, Eric passou a década de 80 todinha na banda, gravando ainda os discos “Killers” (coletânea com algumas canções inéditas, lançado em 1982, antes ainda de “Creatures...”), “Lick it Up” de 1983, “Animalize” de 1984, “Asylum” de 1985, “Crazy Nights” de 1987, a coletânea de regravações “Smashes, Thrashes & Hits” de 1988 (onde Eric foi forçado a regravar os vocais de ‘Beth’, eterno hino na voz de Peter Criss e que, segundo consta, quando Peter saiu da banda eles fizeram um acordo de cavalheiros de que a banda nunca mais tocaria ela sem ele na voz, mas hoje sabemos que de ‘cavalheiros’ Gene e Paul não tem nada) e “Hot in the Shade” de 1989 onde Eric teve sua primeira canção cantada num disco da banda, a faixa ‘Little Caesar’, além de vários vídeos.
  Seu último show com a banda fora em 09 de Novembro de 1990 no majestoso Madison Square Garden.

  Em 1991, pouco antes de começarem a gravação do que viria a ser o maravilhoso disco “Revenge” Eric foi diagnosticado com câncer no coração o que o afastou dos trabalhos com a banda, tendo sido suas últimas participações em algo assim os backing vocals da canção ‘God Gave Rock And Roll to You II’ para a trilha sonora do filme “Bill & Ted Bogus Journey” e o vídeo clipe para a mesma faixa, onde ele já usava peruca devido ao tratamento intensivo contra o câncer que o venceu levando-o no dia 24 de novembro de 1991, o mesmo dia em que a AIDS vencia a maior voz que o Hard Rock já ouviu, Freddie Mercury da contemporânea banda britânica QUEEN, o que ofuscou a notícia da morte de Eric na imprensa em geral, afinal morria FREDDIE MERCURY, não era qualquer um, mas nos corações dos verdadeiros fãs de Hard Rock aquela perda também foi sentida e em 1992 o KISS lança o disco “Revenge” (http://www.tocadoshark.blogspot.com.br/2012/05/20-anos-de-revenge-trilha-da-minha.html) com o novo baterista Eric Singer e aquela versão de ‘God Gave...’ com os backing vocals de Carr estava lá além de uma pequena vinheta final instrumental chamada ‘Carr Jam’ que terminava com um solo de bateria dele em fade out, nada mais era do que uma composição que Eric fizera com Ace Frehley lá nos idos dos 80’s (e que acabou virando a faixa ‘Breakout’ do disco solo de Ace “Frehley’s Comet” de 1987), com a pista de guitarra original substituída por uma de Bruce Kulick, esse que foi seu parceiro até os últimos minutos de vida.
  Até hoje o KISS é duramente criticado pelos fãs por não terem feito uma homenagem decente a quem tanto contribuiu para manter a banda em pé por uma década. Tanto é que a maquiagem dele é a única que não pertence à banda e sim à mãe de Eric Carr, por isso não vemos Gene explorando tanto a imagem de The Fox nos merchandising da banda.

  Ainda em 2000 sairia um álbum solo de Eric Carr chamado “Rockology” com 12 canções que ele fizera durante os anos de KISS (que nunca foram aproveitadas pela banda) e que foram finalmente finalizadas pelo seu companheiro no KISS Bruce Kulick que também produziu o disco e ajudou a família Caravello a lançá-lo no mercado. Já em 2011 em honra aos 20 anos de sua morte saiu o “Unfinished Business” de novo com o apoio de Bruce Kulick entre tantos outros músicos do Hard oitentista.


  Fica aqui registrada minha pequena homenagem a quem me fez entrar no mundo do ROCK AND ROLL através de suas batidas hipnóticas em ‘I Love it Loud’!

  Honra e Respeito à Eric Carr e sua família.


Cartaz promocional da Turnê de 10 anos com o tanque


Imagens retiradas da internet.

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

SUPER PESO BRASIL – INSTITUINDO O DIA DO HEAVY METAL BRASILEIRO!

  
  Quando o jornalista Ricardo Batalha, juntamente com o músico André Bighinzoli anunciaram aos 4 ventos o evento chamado “Super Peso Brasil”, todos acharam que seria somente uma extensão maior do já existente “Peso Brasil”, mas logo as bandas começaram a ser anunciadas, TAURUS, SALÁRIO MÍNIMO, METALMORPHOSE, CENTÚRIAS e STRESS, todo mundo já ficou de olho em cima. Logo anunciaram que seria num local de porte maior que o costumeiro Bar Manifesto, seria no Carioca Clube, onde tocaram bandas de porte internacional como UFO e DORO só pra citar duas, depois vieram as participações especiais com Vítor Rodrigues (ex-TORTURE SQUAD e atual VOODOO PRIEST), Jack Santiago (ex-HARPPIA), Luiz Carlos Louzada (VULCANO), André Góis (VODU e DESASTER) e Lucky Lizard (X-RATED e ex-METALMANIA) e pra fechar com chave de ouro os mestres de cerimônia seriam Pompeu do KORZUS e  Walcir Chalas da loja Woodstock Discos, aí ‘caiu a ficha’ e a nação Headbanger correu comprar seus ingressos, afinal não seria mais uma ‘reunião de classe dos anos 80’, seria A MAIOR COMEMORAÇÃO DOS 30 ANOS DE HEAVY METAL no Brasil!

Ricardo Ravache atendendo aos fãs


Jack Santiago autografando coletes e discos do HARPPIA

Cachorrão com as pesadas malas de merchandise do CENTÚRIAS ainda para pra atender os fãs.
  Ao chegarmos do interior do estado na capital, defronte ao Carioca Clube víamos lendas vivas da cena nacional na calçada papeando e atendendo os fãs (de todas as idades, vale ressaltar), personagens como Ricardo Ravache (baixista ex-HARPPIA e atual CENTÚRIAS), Marcello Pompeu (vocalista do KORZUS) e o próprio Ricardo Batalha (redator chefe da revista Roadie Crew e mentor deste evento), todos por ali conversando com todo mundo, meio que recepcionando os fãs, um clima que perdurou toda tarde e noite daquele dia, mesmo dentro do recinto e em meio às correrias da organização. Outro ponto a ser exaltado foi o extremo profissionalismo que este evento teve por trás, fazendo as bandas tocarem conforme o cronograma prévio, sem atrasos nem percalços, tudo deveria se encerrar às 21 horas, o que é para ser louvado afinal, temos o péssimo costume de os shows acabarem altas da madrugada no Brasil, deixando muitos sem transporte público para voltarem aos seus lares e os que moram longe da capital só chegam em casa com o sol na cara já, fato esse ressaltado pelo vocalista do VULCANO, Luiz Carlos Louzada com quem eu papeava mais tarde dentro do recinto. Ele mesmo me disse que adorou o horário do evento, pois assim ele, que mora na cidade litorânea de Santos, escolheu ir de transporte público e não dirigindo para poder tranquilamente degustar suas cervejinhas. Ponto para o evento.
Luiz Carlos Louzada (VULCANO)

  Então exatamente às 16:30 sobem ao palco Walcir Chalas, Pompeu e Ricardo Batalha para iniciarem o evento com o sorteio da guitarra autografada pelo Andreas Kisser (SEPULTURA) que não esteve presente no evento, mas mandou a guitarra, mesmo que muita gente ainda estivesse do lado de fora e às 16:50 o TAURUS subiu ao palco para começar o massacre nacional com ‘Fissura’ do mais recente disco da banda mas não deixando de tocar verdadeiros hinos como ‘Signo de Taurus’, ‘Trapped in Lies’, ‘Pornography’ e, claro, ‘Mundo em Alerta’ com participação do vocalista do VULCANO Luiz Carlos Louzada que devorou o microfone e fecharam com uma versão matadora de ‘Massacre’ que aos segundos finais tiveram os riffs iniciais de ‘Heaven and Hell’ para delírio do público que depois foram encontrar a banda num anexo da casa ao lado da área livre para fumantes, ali se instalaram o pessoal da imprensa, os fãs mais afoitos e a galera mais ‘sussa’ onde rolaram altos papos informais, entrevistas, fotos, trocas de histórias incríveis e muita ‘brodagem’. 
TAURUS

Otávio (vocal)

TAURUS e Louzada


Público já numeroso na primeira banda
  Mas não poderíamos perder muito tempo ali, pois em 10 minutos acontecia a troca de equipamento no palco para a próxima banda, então logo corremos de volta à pista para ver o CENTÚRIAS que acaba de lançar o EP “Rompendo o Silêncio” e começou a ‘ignorância’ de cara com ‘Guerra e Paz’, hino atemporal da banda que foi seguida por tantos outros como ‘Arde como Fogo/To Hell’ (onde a banda lançou as plaquinhas anti-posers, anti-tchu tchas e anti-emos na plateia) e as novas ‘Inúteis Palavras’, ‘Ruptura Necessária’ e ‘Sobreviver’, ou seja nem só de passado vivem as bandas ali presentes, estão todas na ativa e ainda criando.
André Góis
(VODU, DESASTER)
  Com a participação do vocalista André Góis (VODU/DESASTER) a banda fechou sua apresentação com as duas faixas do mítico disco “SP Metal” de 1984 ‘Duas Rodas’ e ‘Portas Negras’, final apoteótico!

CENTÚRIAS

Cachorrão e as plaquinhas 'anti' do CENTÚRIAS




'No Posers', No Emos', 'No Tchu Tchas'
  Os shows duravam cerca de 40 minutos cada e a troca era rápida, fazendo a gente se apressar para ir ao banheiro, bar ou à barraca de mercadorias relacionadas às bandas onde se encontrava um sem fim de itens, camisetas, CD’s, LP’s, bottons, DVD’s e as disputadas camisetas. Venderam bastante! Isso é um item primordial para a sobrevivência e perpetuação da cena nacional, o patrocínio direto do público que, ao invés de ficar pedindo material para as bandas como se fossem brindes, precisam pagar por eles para que as bandas sigam à diante, pois, por mais bonito que seja o ideal Anarquista e tal, todos precisamos de dinheiro para sobreviver e na música, tudo é caro, aula, instrumento, um mínimo jogo de cordas ou par de baquetas e sem equipamento e estrutura sólida a nossa cena nunca vai deslanchar. Pensem nisso.
Vinil do METALMORPHOSE/DORSAL ATLÂNTICA vendido nesta noite
Esgotou em minutos.

As famosas plaquinhas, palhetas e o novo EP do CENTÚRIAS que foi vendido à R$5,00. Quer mais o quê?

  Durante esses intervalos encontrei com grandes figuras da cena e algumas até consegui entrevistar rapidamente, como Fábio Macarrão da banda KAMBOJA, Fausto Celestino que foi guitarrista do CENTÚRIAS na época do “SP Metal” me apresentado pelo Cachorrão, 
Luiz Barata do Stay Rock

Seiji Kubometal e a lenda Jack Santiago

Fausto e Cachorrão (CENTÚRIAS)

Will Dissidente, mestre de cerimônia do festival Triumph of Metal que acontece todo ano na cidade mineira de Pouso Alegre (ele foi convidado especial da banda METALMORPHOSE justamente para apresentá-la no evento) e o lendário Cezar Barbosa, o primeiro mestre de cerimônia do Metal brasileiro, sempre apresentando o STRESS pelos palcos do Brasil. Isso sem contar o pessoal da imprensa, como o parceiro de longa data Luiz Barata Cichetto lá representando a webradio Stay Rock, os fotógrafos da revista Roadie Crew Ricardo Ferreira e o fotógrafo underground Rogério Seiji Kubometal que cedeu algumas de suas obras aqui pra esta resenha.
  Era a vez do METALMORPHOSE subir ao palco trazendo logo de cara o mais novo hino da história da banda ‘Jamais Desista’ que fizeram em homenagem ao Roosevelt Bala do STRESS que foi emendada ao maior hino da banda ‘Cavaleiro Negro’ do mítico split que gravaram em 1985 ao lado do DORSAL ATLÂNTICA, “Ultimatum”. Ainda tivemos a nova ‘Máquina dos Sentidos’ 
Lucky (Lizard) Luciano (X RATED e METALMANIA)
antes de adentrar ao palco o excelente vocalista Lucky (Lizard) Luciano que gravou com Robertinho do Recife o disco “Metalmania” e formou uma banda de Hard Rock ‘tipo exportação’ nos anos 90 ao lado de André Chamon (baterista do STRESS) e Marcos Dantas (ali tocando guitarra com o próprio METALMORPHOSE) chamada X RATED. Lucky cantou ‘Metalmania’ com eles antes do show acabar com as maravilhosas ‘Satã Clama Metal’ do AZUL LIMÃO (de onde veio o já citado atual guitarrista deles Marcos Dantas) e ‘Minha Droga é o Metal’, todas cantadas a plenos pulmões pelo público que lotou a casa.


METALMORPHOSE com Lucky "...é a Metalmania..."

André Bighinzoli e Tavinho Godoy (METALMORPHOSE)

Lucky Luciano agitando o público

METALMORPHOSE
  Devido à concorrida sessão de fotos e entrevistas com o METALMORPHOSE, onde devo ressaltar a simpatia e gratidão dos dois Andrés da banda, Andre Delacroix (baterista que também tem a banda D.A.D. em breve aqui na Toca do Shark) e o baixista André Bighinzoli que me concedeu uma entrevista meses atrás divulgando o evento aqui na Toca ( http://www.tocadoshark.blogspot.com.br/2013/07/entrevista-com-andre-bighinzoli.html ), eu perdi o começo do show do SALÁRIO MÍNIMO, 

(eu tinha que autografar meu vinil “Ultimatum”, afinal, antes de redator deste blog, sou um Metalhead fanático sem medo de bancar o ridículo) que começou seu show com  ‘Delírio Estelar’ do “SP Metal” e ‘Beijo Fatal’, levando todos à loucura, era gente surfando em cima do público e sendo jogada de um lado pro outro levando os seguranças leigos à loucura, até que eles mesmos desistiram de tentar conter a loucura desenfreada do público perante o SALÁRIO, que conseguiu enlouquecer o público que já se encontrava animadíssimo à essas horas, mas eles se superaram! 
SALÁRIO MÍNIMO

Trio de cordas afiadas do SALÁRIO MÍNIMO

Diego Lessa e China Lee (ao fundo Marcelo Campos)


Junior Muzilli e China Lee, há 30 anos juntos na banda.
  Também pudera, era hino atrás de hino até a subida da lenda viva Jack Santiago (ex-HARPPIA) ao palco para cantar o maior hino do Metal brasileiro ‘Salém – A Cidade das Bruxas’ registrado no EP do HARPPIA “A Ferro e Fogo” de 1985. À essas alturas da festa ninguém mais respondia por si, nem os que estavam sãos, hahahahaha 


Jack Santiago com público nas mãos

Segurança despreparado e público insano

"Salém, a Cidade das Bruxas....Os domínios do inferno...."

Com um medley de ‘Cabeça Metal/Jogos de Guerra’ o SALÁRIO MÍNIMO encerra a sua Festa de Rock com chuva de papel brilhante picado e é justamente aí que um amigo meu vem me dizer:
“ - Cara você sabe que eu não manjo muito da cena nacional mas te digo uma coisa, por tudo que vi aqui esta noite eu afirmo e assino em baixo, As Bandas Brasileiras Não Devem Nada pra Banda Gringa Nenhuma!” e foi quando passou por nós André Bighinzoli e eu mandei ele falar aquilo pra ele e os deixei papeando um pouco....rs....
Tavinho Godoy e André Bighinzoli após o show do METALMORPHOSE
  E foi nesse intervalo que encontrei ninguém menos que Ricardo Michaellis, o Micka, ex-guitarrista do SANTUÁRIO e responsável pelo filme/documentário “Brasil Heavy Metal”, não pude deixar passar em branco dizendo a ele que eu achava que o filme seria lançado naquele dia ali naquela festa e ele disse que também gostaria, mas me garantiu que o filme está pronto e finalizado já, não vão mais mexer com edição e este filme irá sair entre fevereiro e julho de 2014, sim com 2 anos e meio de atraso, mas são coisas que acontecem com certa frequência na cena nacional, dada a falta de apoio e patrocínio das grandes marcas que insistem em fingir que não existimos. 
Ricardo Michaellis (SANTUÁRIO) "Brasil Heavy Metal"
Mas esta festa provou por A+B que nós somos relevantes e importantes SIM. Afinal, o público que esteve presente naquele fim de tarde e início de noite no evento era de cerca de 1200 pessoas para um local que abriga cerca de 1500, isso é praticamente sold-out, ainda mais para uma evento com bandas totalmente undergrounds e independentes.




O melhor da festa - O PÚBLICO FESTEIRO!

  Era chegada a hora da principal banda e responsável por tudo aquilo subir ao palco, estamos falando do STRESS, a pioneira das pioneiras que subiu ao palco às 20:15 tendo a missão de cumprir sua apresentação até as 21:00hs. E foi naquela pegada ‘desgracenta’ (como diria Bala) que Roosevelt Bala (v/bx), André Chamon (bt) (que já zanzavam pelo público desde cedo, atendendo à todos) e Paulo Guilherme (g) tocaram o terror abrindo com ‘Heavy Metal’ do disco “Flôr Atômica” de 1986 que ainda emprestou ao set desta noite sua faixa título, mas não sem antes a banda tocar ‘Mate o Réu’ clássico do primeiro disco que a banda até lançou a capa ao público pedindo que eles não rasgassem ela e para que quem a pegasse fosse ao camarim após o show buscar o vinil e assim fizeram também com o segundo disco.

STRESS

Paulo Gui (STRESS)

André Chamon (STRESS, X RATED)

Roosevelt Bala (STRESS, BANDA ZONA)

STRESS com Vítor Rodrigues (VOODOO PRIEST)

  Lá pelas tantas chamaram ao palco Vítor Rodrigues (ex-TORTURE SQUAD e atual VOODOO PRIEST) para emprestar seus urros infernais para a já poderosa faixa ‘Sodoma e Gomorra’, onde ele cantou com a já conhecida dedicação e paixão que aplica em todos os temas que canta, deixando bem claro o orgulho de estar ali em cima do palco com a primeira banda de Heavy Metal do Brasil, sendo ela Paraense como seus pais.




  Como o tempo era curto, Bala pediu desculpas pela ausência de vários clássicos da banda e mandou logo de cara o hino que marcou a volta da banda ‘Coração de Metal’ que fez muitos irem às lágrimas. Na sequência e sem perder tempo anunciaram um som novo chamado ‘Heavy Metal é a Lei’ que já está há um certo tempo no Youtube e teve a invasão de um fã ao palco para cantar com Bala o refrão. Faltando 15 minutos para o encerramento do show, a já esperada festa onde Bala convida todos os músicos que tocaram naquela noite para subirem ao palco e bradarem à plenos pulmões o HINO NACIONAL DO HEAVY METAL ‘Brasil Heavy Metal’ que durou uns 7 minutos dada a grande festa instaurada no palco com tantos músicos e amigos cantando, inclusive outro fã que invadiu o palco e cantou com eles, tendo Jack Santiago o agitador oficial do evento pulando de um lado pro outro, escalando a bateria e atiçando a plateia, os guitarristas e baixistas das bandas lançando várias ‘mãozadas’ de palhetas pra plateia e até algumas baquetas foram lançadas. 

Momento da clássica foto da banda com o público ao fundo.


Uma verdadeira comunhão de 3 gerações que lutam pelo mesmo ideal neste país, tanto em cima do palco quanto na plateia (que deu um show à parte). Cenas históricas que ficaram cravadas nas mentes que as presenciaram, caso não tenha visto corra pro Youtube que lá já tem vários vídeos deste histórico evento (como este: http://www.youtube.com/watch?v=hWSCfnNf0_Y ).











  Após essas 4 horas e meia de Heavy Metal brasileiro sem contaminação exterior ou de covers a plateia não saía mais da casa, sendo necessário que os seguranças pedissem (com aquela deselegância e falta de tato típica deles) para que as pessoas deixassem o recinto após as 21:30, e foi justamente nessa confraternização final que conheci o pessoal da banda de Hardcore old-school MUQUETA NA OREIA que ali estavam divulgando o novo disco da banda “Blatta” (aguardem a resenha por aqui)
 e distribuindo cópias promocionais do disco à imprensa especializada, foi quando também conversei com a lenda viva Percy Weiss (grande voz que cantou com MADE IN BRAZIL, PATRULHA DO ESPAÇO e QUARTO CRESCENTE), reencontrei meus semelhantes que foram na mesma van que eu e os ajudei a encontrarem com os músicos das bandas para tirarem fotos e pegarem autógrafos e ainda tive uns minutos com Vitor Rodrigues e pedi a ele que futuramente gravasse alguma coisa em português, pois nas vezes que eu o vi cantando em sua língua pátria (com o CARRO BOMBA em 2012 e naquela noite com o STRESS) eu adorei e vi um diferencial exclusivo dele (coisa de fã...hahaha). 
Altos papos com China Lee na calçada (SALÁRIO MÍNIMO)

Percy Weiss (MADE, PATRULHA, QUARTO CRESCENTE, PERCY'S BAND)

Vítor 'Brother ' Rodrigues (VOODOO PRIEST ex-TORTURE SQUAD)
  Com todo esse clima de ‘backstage à céu aberto’ no meio da rua, todos ficaram lá na frente confraternizando entre si e com os músicos que também não arredavam o pé de lá dado o clima de irmandade, fraternidade e a TÃO SONHADA UNIÃO que ali se concretizava após 30 anos de lutas e batalhas (sem trocadilhos....rs....). Ou seja, o evento terminou como começou.
  E assim todos foram para suas casas, felizes, de alma lavada, satisfeitos e extasiados de alegria em saber que a cena nacional anda melhor do que dizem por aí. Detalhe que naquela mesma noite estavam ocorrendo mais 2 festivais de porte médio na mesma cidade, isso só os que eu fiquei sabendo.
Sonho realizado, STRESS.

Paulinho da banda METTALDER e Tavinho Godoy do METALMORPHOSE
Dois grandes vocalistas em prol do Heavy Metal!

O Responsável por tudo isso Ricardo Batalha.

Os mestres de cerimônia Marcello Pompeu (KORZUS) e Walcir Chalas (Woodstock Discos)

Paulo Guilherme (STRESS) autografando discos e papeando no meio da rua.
  Obrigado Ricardo Batalha, André Bighinzoli e todos os envolvidos neste grande e histórico evento, sejam vocês músicos, roadies ou o que for, mas principalmente, obrigado a você que é PÚBLICO PAGANTE, pois sem vocês a cena não cresce, não anda, não evolui nem sobrevive.

  E que venha a segunda edição!

FOTOS: Rogério Seiji Kubometal e Alexandre Quadros.

O baterista 'Monstro' agradece São Paulo Rock City!

10 anos de parceria, desde os tempos de abarata.com.br, foi onde nasceu a Toca do Shark
com Luiz Carlos Barata Cichetto.

Ricardo Ravache, o baixista original do HARPPIA


Pompeu e Batalha batendo um papo rápido com o público antes dos shows

TAURUS

Otávio (TAURUS) e Louzada (VULCANO)

André Delacroix (METALMORPHOSE e D.A.D.)

P.P. Cavalcante (guitarra - METALMORPHOSE)


Marcos Dantas (AZUL LIMÃO, METALMORPHOSE, X RATED)

O 'Coração de Metal' Roosevelt Bala (STRESS)

Bala (STRESS)

Vítor Rodrigues (VOODOO PRIEST ex-TORTURE SQUAD)

Bala cantando com o fã que invadiu o palco em 'Heavy Metal é a Lei'


'Brasil Heavy Metal'

Julio Príncipe (bateria - CENTÚRIAS)

Roger Vilaplana (guitarra - CENTÚRIAS)