quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

MUQUETA NA OREIA - "Blatta" (2013)


Artista: MUQUETA NA OREIA
Álbum: “Blatta”
Ano: 2013
Selo: Muqueta Records (www.muquetarecords.com)
Faixas:
1.       Signífer Lux (Intro)/
2.       Nova Era/
3.       Paranoia/
4.       Hardware, Software e Tupperware/
5.       Cabeça vazia/
6.       Imortal/
7.       Exú caveira/
8.       Excesso e Abundância/
9.       Meretrix (Intro)
10.   Primogênito de uma Meretriz/
11.   Obsesso/
12.   Opalão/
13.   Xamã/

BÔNUS:
14.   Muqueta News/
15.   Melô do Repolho/

  DÚ CÃO! Essa é a expressão mais palatável que vem à sua mente quando você termina de ouvir esse novo disco da banda de Hardcore MUQUETA NA OREIA.
  Um disco raivoso, técnico na medida certa, sem mi mi mis, sem frescuras, sem pormenores, é porrada na cara, desgraceira desenfreada e letras super inspiradas, detalhe, apesar dos vocais rasgados e guturais você consegue entender todas as letras sem necessidade de encarte para ler.
  Após a introdução temos a faixa ‘Nova Era’ claramente inspirada no roteiro da HQ que virou a série de TV à cabo mais assistida dos últimos anos, ‘The Walking Dead’, se não foi inspirada lá, a banda que me desculpe mas é exatamente o que vem à mente, muito apocalíptica a letra, assim como a seguinte ‘Paranoia’ que é uma continuação natural da anterior.

  ‘Hardware, Software e Tupperware’ tem uma letra que pode ser usada como inspiração de vida, contando a história de Zé Manuel, um boçal que levava uma vida medíocre numa rotina massacrante que atinge à praticamente todos os humanos que se adequaram ao Status quo. De longe a melhor do disco!
  ‘Cabeça Vazia’ também serve como destaque usando como base uma recorrente situação na sociedade norte-americana, onde adolescentes sempre surtam e saem matando à revelia.
‘Exú Caveira’ é um hilário Punk Rock que nos lembra a clássica banda GANGRENA GASOSA devido á letra, mas com total personalidade da MUQUETA NA OREIA mesmo.
  A banda MUQUETA NA OREIA não tem como ser resenhada simplesmente com um track-by-track ou o que seja. A banda formada por Ramires (v), Cris (bx), Henry (bt) e Bruno Zito (g) é aquele tipo de banda que o som e, principalmente, as letras falam por si só. Na verdade, ao invés d’eu ficar aqui escrevendo isso ou aquilo, eu deveria postar as letras das canções deles, isso sim despertaria a curiosidade de todos a ouvirem a banda, mas como não tem como eu fazer, irei fazer melhor, disponibilizando o link do Band Profile deles onde você poderá dar uma conferidinha no material antes de encomendar o seu: http://www.reverbnation.com/muquetanaoreia


  ‘Primogênito de uma Meretriz’, com esse singelo nome nem preciso explicar do quê se trata né? Mas, como nas anteriores, vale muito a pena prestar atenção na letra, uma verdadeira aula de Realidade sem meios termos, assim como a seguinte ‘Obsesso’.
  Em ‘Opalão’ o clima dá uma aliviada, afinal traz a descrição à lá BARANGA de um belo carango.
  Pra fechar o play temos ‘Xamã’ que é uma alerta ao que temos por vir em relação ao clima do planeta e a revolta da natureza sobre a raça humana, uma letra que deixa bem explícito que os compositores da banda não são alienados.
  Como bônus temos 2 ótimas faixas pra você, entre outras coisas, dar boas risadas. ‘Muqueta News’ nos remete ao comecinho dos anos 90 quando o SBT transmitia todo fim de tarde o jornal ‘Aqui Agora’ e tínhamos o impresso ‘NP’ nas bancas, o que desencadeou muita merda que vimos hoje em dia. E o derradeiro som ‘Melô do Repolho’ é só pra relaxar mesmo!
  Resumindo, você precisa ouvir esse disco que certamente é um dos melhores do ano ou quiçá do estilo em anos!



Contatos:

domingo, 15 de dezembro de 2013

DEATH AFTER DEATH (D.A.D.) "...infâmias..."


BANDA: D.A.D. (Death After Death)
DISCO: “…infâmias…”
ANO : 2013
FAIXAS:
1.       Todo Mijado/
2.       Ódio/
3.       Fedor/
4.       C.C.C./
5.       Desordem e Regresso/
6.       Troco/
7.       Daytona/
8.       Kallinger
9.       Lá vem o d.a.d./
10.   Heron/
11.   MPB/
12.   Tenor/
13.   Morte lenta e dolorosa nas mãos de um Assassino Frio, Sádico e Cruel/
14.   Schmoopie/
15.   Assassinato em Massa/
16.   My Sadistic Killing Spree (G.G. ALLIN cover)
17.   Heron (Versão Japonesa)


  Eita disco escroto!

  É assim que você poderá reagir à audição dessa banda carioca de Schatologic-Metal (o povo por aí adora criar um rótulo, criei um também, hahahaha).
  Formada anos atrás por Stressor (André Delacroix – baterista do METALMORPHOSE) na voz e Mr. Mal (Alex Voorhees – vocal do IMAGO MORTIS), a banda gravou o play com Stressor na voz, Luiz Gore no baixo, Mafe Musick (VISCERAL LEISHMANIASIS, ex-GREENCARDZ)na guitarra e Erick Fryer (UZÔMI, HC OFTERSHOCK e HORRIFICIA) na bateria, com produção do próprio Mr. Mal (Voorhees) e guitarras adicionais de Bruno Bin Laden (também das bandas UZÔMI e HORRIFICIA) e Petrus Terrificus (P.P. Cavalcante do METALMORPHOSE). (Nota: atualmente a banda segue como um trio)
  Baseado naquela linha retona do Hardcore, com um pouco de Splatter aqui, Metal ali, Punk acolá, old-school sempre e letras em português que tratam de tudo quanto é coisa que você possa imaginar, de assassinos e psicopatas até peido e mijo, passando por críticas contundentes à situação vergonhosa em que nosso país é administrado ou simplesmente diversão.
Mafe Musick (g)
  Destaco ‘Desordem e Regresso’, que diz na cara o que tá rolando, assim como ‘Assassinato em Massa’, aliás, meias palavras é o que não rola aqui nesse play, que joga a real na sua cara, caindo no seu colo como uma buchada assim que se leva uma facada na barriga, coisa que aliás é a temática de ‘Heron’, escatologia pura.
  O lado divertido está em ‘Todo Mijado’ que abre o play e em incursões minúsculas como ‘C.C.C.’, ‘Tenor’ ou ‘Schmoopie’ (bem a cara do S.O.D.) e ‘Lá vem o d.a.d.’, um sambinha maroto que zoa com a cara da galera.
  Ainda sobra um espacinho no play pra um tributo ao mestre da escatologia G.G. ALLIN, com uma versão de ‘My Sadistic Killing Spree’.
  No final da segunda versão de ‘Heron (Versão Japonesa)’ temos os fundadores da banda Stressor e Mr. Mal, num papo que elucida todas nossas dúvidas sobre a postura da banda, se ela realmente se leva a sério ou se está só tirando uma com a nossa cara.
  Procure sua cópia desse disco e descubra a resposta por si só.
Stressor (v)

Aqui rola um ‘tira gosto’ do quê te espera:
Contatos:
stressor_dad@hotmail.com


Stressor (v), Mafe Musick (g), Erick Fryer (bt)
DEATH AFTER DEATH (ou D.A.D.)

Erick Fryer (bt)

D.A.D. ao vivo!

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

JACK SANTIAGO – O voo solo da Harppia!

  Era uma questão de honra para mim entrevistar Jack Santiago, um artista ímpar no cenário nacional, um frontman e cantor de primeira, o vocalista completo que qualquer boa banda sonharia em ter. O conheci pessoalmente por volta de 2002 mas não entrevistei ele na época, apenas conversamos um pouco nos camarins da saudosa Led Slay em São Paulo. Anos depois nos cruzamos no facebook e eu bem que tentei fazer uma entrevista on line com ele mas não dava certo nunca, mas, surgiu uma luz no fim do túnel chamada "Super Peso Brasil" e desta feita ele não me escaparia e assim foi, em menos de 10 minutos demos uma 'varrida geral' na carreira de Mr Jack Santiago!, Veja à seguir: 

Entrevista realizada em 8 minutos durante o evento “Super Peso Brasil”, realizado no Carioca Clube em São Paulo no dia 09/11/2013, pouco antes do show do SALÁRIO MÍNIMO que contaria com a participação especial de Jack Santiago.

TOCA DO SHARK: Vamos começar a revisitar sua carreira ao contrário, de hoje pra atrás.
Atualmente você mora em Santa Catarina, não mais em São Paulo. Você tem alguma banda ou projeto engatilhado por lá?
JACK SANTIAGO: Sim, moro em Santa Catarina atualmente e na verdade eu estava tentando reavivar uma banda aí, mas vamos dizer que atualmente eu estou com uma parceria com a banda MISTER TWISTED, uma banda de covers muito boa que tocam PICTURE entre outras,  banda muito boas e estamos fazendo músicas do HARPPIA também.

TS: Vocês vão fazer material próprio, algo inédito?
JACK: Então, estamos conversando sobre isso, pra ver se vai haver essa parceria, pois eu gostaria muito de reavivar aquelas canções minhas de 2000 como ‘Metal pra Sempre’, ‘Vampiros’ e ‘Medo da Escuridão’.

TS: E o PROJECT DRAGONS, você gravou uma música com eles, ‘Não Haverá Outro Amanhã’ e ficou nisso. Era um projeto de uma música só, não teve um futuro, o que rolou?
JACK: Na verdade, o Gabriel Fox é um fã que se tornou um amigo meu, um grande chapa mesmo, até falei com ele hoje antes de vir pra Sampa. A banda dele, o PROJECT DRAGONS continua, mas ela é uma banda mais voltada pra músicas de anime. Depois a gente montou o THELEMA que foi uma banda de curta durabilidade, tem algumas coisas postadas aí na internet e agora eles têm o RED ROCKS.

TS: E você tem algum material composto pelo HARPPIA da época de 2000 pronto pra ser gravado?
JACK: Sim, tenho pelo menos umas 10 músicas daquela época que pretendo ainda gravar, como as quais citei antes, ‘Vagando na Noite’ entre outras...

TS: Aliás, qual seria a pronúncia certa do nome da banda? HARPPÍA ou HÁRPPIA?
JACK: Pois é, do português correto seria Harppía, porém no nosso dicionário metálico é HÁRPPIA mesmo (risos)...

TS: Voltando a falar dessa época do HARPPIA, vocês ficaram cerca de 3 anos na estrada entre 2000 e 2003 fazendo vários shows, inclusive abrindo o show do GRAVE DIGGER até que surgiu o entrave dos direitos do nome da banda com o ex-baterista Tibério (N. do R.: que desde então até o presente momento segue com uma outra formação usando o nome) e a banda parou, como ficou decidido esse lance?
JACK: Na verdade, os co-fundadores são eu e o Hélcio Aguirra (guitarrista do GOLPE DE ESTADO e MOBILIS STABILIS), se alguém tinha direito sobre alguma coisa eram eu e o Hélcio, quem deu o nome pra banda foi eu, numa lista de 10 nomes que tínhamos ficou a minha sugestão, houveram brigas de ego, hoje está tudo bem, eu sempre tive amizade com todo mundo, mas o que eu acho é o seguinte: ‘O que é de alguém, é de alguém, pronto e acabou.’
  As composições sempre eram minhas ou do Hélcio, ele fazia as dele e eu as minhas, tanto que ‘Aqui na Terra’ que era do HARPPIA ele levou pro GOLPE DE ESTADO (última faixa do primeiro disco de 1986). Houve uma questão jurídica sobre isso também e não se chegou a consenso nenhum. Eu acho que eu fiz história, como cada membro da banda também fez e é o que é, como eu sou o que sou, cada um tem o seu valor e quem quiser tocar o HARPPIA toca o HARPPIA, se um dia me der na veneta de montar um HARPPIA em Santa Catarina ou onde quer que for eu também vou montar, se ficarem 2 HARPPIAs também não tem problema, mas na verdade no momento eu estou mais interessado em fazer algo solo.


TS: Sobre os primórdios do HARPPIA, diz a lenda que o selo Baratos Afins chamou vocês para fazerem parte do primeiro volume do “S.P. Metal”, mas o Luiz Calanca (proprietário do selo e loja de mesmo nome) achou que a banda era acima da média e resolveu que vocês iriam gravar um EP completo ao invés de só 2 faixas pra coletânea, isso é verdade?
JACK: Sim, é verdade. A vaga era do AVENGER e passou a ser nossa.

TS: As faixas instrumentais do disco “A Ferro e Fogo”, ‘Hárpago’ e ‘Incitatus’ eram pra ser instrumentais mesmo ou tinham alguma letra e por algum outro motivo saíram assim? (N. do R.: a pergunta pode parecer boba, mas vejam o encarte do disco, há algumas linhas explicando os nomes mitológicos das faixas).
JACK: As faixas instrumentais eram instrumentais desde o começo, são composições do Hélcio Aguirra e eu, particularmente achei na época que era meio complicado ter muita música instrumental num EP, mas eu vejo que já vinha dele as ideias do outro projeto que ele tem hoje só de música instrumental (MOBILIS STABILIS). Eu queria que o nome do disco tivesse sido “Salém”, mas o Hélcio fez tudo com mais rapidez e preferiu o título “A Ferro e Fogo” e eu vejo hoje que tinha que sair daquele jeito que saiu mesmo.
HARPPIA formação original com:
Tibério Corrêa (bt), Helcio Aguirra (g), Ricardo Ravache (bx), Marcos Patriota (g) e Jack Santiago (v)

TS: Hoje todo mundo sabe que a primeira banda a gravar um disco de Heavy Metal no Brasil foi o STRESS, mas, que o primeiro grande hino do Metal Nacional é realmente ‘Salém (A Cidade das Bruxas)’, o que você tem a dizer?
JACK: Concordo. Foi uma música que eu fiz às 03:00 da manhã. Abri um dos meus livros de Ciências Ocultas, eu tinha uma enciclopédia sobre o assunto, abri, dei uma lidinha e saí escrevendo. Veio melodia, veio tudo e eu também acho que é o grande hino do Metal Nacional, modéstia à parte, acho que a música é muito inspiradora, ela traduz tudo o que a gente sente sobre o assunto. Foi a primeira música que falou ‘naquela pessoa maléfica’, no seu nome dentro da música, sem satanismo, sem nada do tipo, no último verso eu ainda digo para que cada um ‘tire a sua própria conclusão’ e infelizmente, eu acho que só não gosta dela aquelas pessoas que são ignorantes perante o discernimento do que é o certo e o errado.
(Nota de Rodapé: Durante a execução deste clássico neste mesmo dia e local com a banda SALÁRIO MÍNIMO, Jack fez questão de me avistar em meio a numerosa plateia, cerca de 1000 pessoas, e apontar diretamente para mim ao cantar a frase “...tire você mesmo a sua própria conclusão...”, cheguei a arrepiar na hora, hehehehe)

TS: Voltando à atual situação do HARPPIA, você disse que não tem ressentimento de ninguém, que está tudo em paz entre os membros, isso ficou bem claro para nós fãs, durante o show do atual HARPPIA na Virada Cultural de 2008 (em São Paulo), quando o Tibério chamou todo mundo da formação original no palco, mais o vocalista Percy Weiss que o substituiu na banda nos anos 80, para tocarem ‘Salém’ todos juntos. O que você tem a nos dizer sobre aquele episódio?
JACK: Só faltou o Marcos Patriota (guitarrista da formação original da banda). Pra ele é bem difícil, ele mora na Europa e tem uma posição muito boa numa empresa multinacional e fica bem difícil pra imagem dele se associar a uma banda de Metal até.
  É bem complicado. Mas foi legal aquilo que rolou, pois deu pra colocar ‘os pingos nos is’, reunir, aparar os egos de todo mundo, o meu, do Hélcio, do Tibério, do Ravache e a gente voltar. Alguns outros pepinos surgiram depois, talvez alguns pepinos eu sempre venha a ter com o Tibério, mas eu tenho uma amizade com ele, ele toca HARPPIA, eu toco HARPPIA, a gente dividiu o estúdio no “BRASIL HEAVY METAL” juntos, eu dividi o palco com a esposa dele na guitarra, não tive problema nenhum com isso, não tenho e não terei. Se ele me chamasse e eu estivesse em São Paulo eu sempre iria atender. Só temos algumas divergências em relação à execução das músicas, de composição e de como isso dever ser feito no palco, e só isso. Isso nos mantém numa incompatibilidade de termos uma banda juntos hoje em dia. Mas, independente disso eu desejo muita sorte e muito sucesso ao que o Tibério está fazendo.
Jack Santiago pouco antes da entrevista ainda do lado de fora da casa.

Pouco antes do show com o SALÁRIO MÍNIMO no "Super Peso Brasil"

TS: Pra finalizar, o espaço é seu, alguma consideração final?

JACK: Quero mandar um abraço pro Hélcio Aguirra, e dizer que infelizmente nós até hoje não conseguimos realizar nosso projeto de Metal, que era a nossa ideia. Mandar um abraço pro Ricardo Ravache (ex-baixista do HARPPIA) e desejar sucesso pro CENTÚRIAS. Foi um prazer te encontrar aqui nesta festa, estou muito emocionado de encontrar todo mundo e pra finalizar aquela máxima: METAL PRA SEMPRE!




Em ação no "Super Peso Brasil" em 2013








Com o HARPPIA 10 anos antes (em 2003) abrindo um show do GRAVE DIGGER

Fotos: Rogerio Seiji Kubometal, Alexandre Wildshark e divulgação.

sábado, 30 de novembro de 2013

CENTÚRIAS - A MÁQUINA NÃO VAI PARAR!


TOCA DO SHARK: Como se deu o retorno do CENTÚRIAS?
RICARDO RAVACHE: Em 2011 houve uma edição especial do 'Stay Heavy Metal Stars', do Programa Stay Heavy, com suas tradicionais jams, dessa vez com petardos do Metal Nacional. Fui convidado para tocar a música 'Massacre', do TAURUS. No decorrer do evento, quando rolou a música 'Metal Comando' do CENTÚRIAS, o Cachorrão foi convidado para subir no palco e dividir os vocais, absolutamente de improviso. Nisso, eu, o Paulão Thomaz e o Tadeu Dias, que fizemos parte da banda no passado, também subimos e ficamos agitando. Logo em seguida, o nosso amigo Ricardo Batalha não teve dúvida: chamou o Cachorrão na chincha e ordenou a volta da banda!
Nilton 'Cachorrão' Zanelli (v)


T.S.: É verdade que vocês foram ‘pedir a bênção’ do Paulão Thomaz (atual BARANGA e KAMBOJA)?
NILTON "CACHORRÃO" ZANELLI: O Paulão é o único fundador do CENTÚRIAS que esteve em todas as formações e, para que essa volta se concretizasse, tínhamos que conversar com ele para saber se gostaria de participar – em caso negativo, se permitiria o uso do nome. Ele disse que não seria possível participar por estar focado no BARANGA e agora também no KAMBOJA, mas não se opôs que déssemos sequência ao legado do CENTÚRIAS. É por isso brinco que o Paulão 'deu a benção' para essa volta. Foi uma questão de respeito mesmo.

T.S.: Falem um pouco sobre os músicos Roger Vilaplana (g) e Julio Príncipe (bt), de quais bandas eles vieram e como chegaram ao CENTÚRIAS?
CACHORRÃO: O Roger é nosso amigo dos anos 80, ele tocava guitarra no NOSTRADAMUS e sempre nos víamos no Rainbow Bar, lugar onde muitas bandas que fizeram parte da cena da época tocavam e trocavam ideias. Uma coincidência interessante é que ele tem participação na autoria em cinco faixas que foram gravadas posteriormente no álbum “Ninja” de 1988. O Julio também é nosso amigo de longa data e, além de ser um excelente baterista, está se mostrando um grande compositor. Outra coincidência é que ele tocou no FIREBOX após a saída do Paulão, ou seja, de certa forma está tudo em casa... (risos). Ele toca também no AGGRESSION TALES.
Julio Principe (bateria)

Roger Vilaplana (guitarra)
 T.S.: Sobre as canções novas – ‘Ruptura Necessária’ e ‘Sobreviver’ –, as letras continuam naquela mesma temática de lutar sem baixar guarda e seguir adiante sem olhar pra trás nem contabilizar as derrotas, o que é uma premissa na cena do Rock Pesado nacional. Conte-nos como foram desenvolvidas?
RAVACHE: A 'Ruptura Necessária' foi um caso de letra escrita sobre a música já pronta. Numa noite, há dez anos, eu brincava no teclado quando surgiu o tema inicial. Aquilo ficou na cabeça e, com o passar do tempo, foi tomando forma, mas alguma coisa me dizia que aqui 'dava samba' (risos).  Recentemente, quando chegou o momento de o CENTÚRIAS começar a criar material novo, foi natural que eu apresentasse a 'Ruptura...', porém não tinha letra. Bastou uma noite de insônia para que ela surgisse. Precisava de uma temática forte com palavras sérias e, além disso, a ideia era privilegiar a voz, que deveria soar, por vezes, incisiva e agressiva e por outras, melodiosa. 'Sobreviver' é criação do Julio Príncipe, nosso baterista, que se revelou um grande compositor! Ela também nasceu num teclado... Segue a linha da 'autoajuda', da palavra de ordem e ânimo, da energia e determinação que todos precisamos para ‘matar o leão diariamente’ – sem alusão ao Leão, nosso querido amigo e cunhado do próprio Julio (risos). O simples e genial refrão é obra do Cachorrão.

T.S.: No show do "Super Peso Brasil" vocês tocaram outra canção inédita que não saiu nesse novo EP "Rompendo o Silêncio", que era ‘Inúteis Palavras’. Por que não saiu nesse lançamento?
CACHORRÃO: A 'Inúteis Palavras' é uma música que gosto muito e foi gravada em 2009. Ela foi composta pelo Ravache e fará parte do documentário “Brasil Heavy Metal” que, apesar de muitos atrasos, deverá ser lançado no primeiro semestre de 2014. Para manter o ineditismo, ainda não foi divulgada sua versão de estúdio, a pedido do produtor desse projeto, mas já faz parte do set list atual do CENTÚRIAS.

 T.S.: Para quem acompanha a banda pelas redes sociais, nota-se que a demanda de shows da banda anda agitada, é isso mesmo, a cena do Heavy Metal em português está dando uma renascida?
RAVACHE: Sim. Temos nos apresentado com uma regularidade quase que surpreendente para nossa expectativa inicial, o que nos deixa muito felizes. A banda sempre teve uma atuação local. Após o 'Rompimento do Silêncio', nós pelo menos já saímos do estado (risos). Já tocamos no Rio de Janeiro a convite do METALMORPHOSE, com o STRESS e SALÁRIO MÍNIMO. Temos recebido sondagens para eventos em outros estados, com boas possibilidades de levarmos o Metal paulista pelo Brasil afora. Felizmente, a agenda está num ritmo bom de apresentações. Quanto ao Metal em português, só vejo público e bandas cada vez mais honrando e trabalhando em prol dessa causa. Acho isso sensacional!
CD novo e as famosas plaquinhas que são lançadas ao público!

T.S.: O que vocês têm a dizer sobre o show do "Super Peso Brasil" e de como se deu a escolha de André Góis (VODU, DESASTER) como convidado especial?
RAVACHE: O “Super Peso Brasil” ainda está sendo processado nas mentes de todos que participaram. Sucesso absoluto de público, numa casa com a tão merecida qualidade de som, um clima de absoluta amizade e confraternização, um dia extremamente agradável e shows matadores (perdoe a falta de modéstia) por parte de todas as bandas, com direito a fim apoteótico com todos os músicos em cima do palco. Todos saíram de lá na expectativa de não digo uma, mas várias continuações. Ficou provado que um evento de Heavy Metal cantado em português bem organizado chega a ser lucrativo para os organizadores. Foi descoberta a fórmula do sucesso! Quanto ao André Góis, não foi apenas um convidado especial, mas também um amigo especial de longa data, afinal de conta, VODU e CENTÚRIAS dividiam o palco no Espaço Mambembe lá por volta de 1987. Além disso, o André mostrou uma garra, segurança e domínio de palco impressionante. Esse menino mandou bem. Tem futuro (risos).

CENTÚRIAS com André Góis (VODU, DESASTER)
no show do "Super Peso Brasil"

André Góis e Cachorrão cantando os clássicos do "S.P. Metal I" (1984)

T.S.: O que podemos esperar do CENTÚRIAS para 2014?
CACHORRÃO: Muitos shows, novas composições e, se tudo der certo, um novo CD. O single “Rompendo o Silêncio” foi um exercício para saber como nos sairíamos em estúdio e pelas opiniões que recebemos as novas músicas estão tendo uma ótima aceitação. Isto nos deixa motivados para seguir em frente com mais força ainda e usando uma frase da 'Sobreviver': 'A máquina não vai parar...'.

Contato:
www.facebook.com/centuriasheavymetal
www.centurias.com.br

Shows e merchandising: contato@centurias.com.br


RESENHA:

“Rompendo o Silêncio” (2013 – EP)
FAIXAS:
1 – Ruptura Necessária/
2 – Sobreviver/

  E a poderosa força metálica dos anos 80 paulistana está de volta!
  Sim, o CENTÚRIAS, depois de longos 25 anos resolveram literalmente romper o silêncio e lançar este EP com 2 músicas (sim, eu sei que é beeeeem pouco, mas já é um ponta pé inicial), aliás, tratando-se de veteranos da cena, menos é mais e que belos futuros-hinos são essas 2 faixas.
  Com toda aquela aura oitentista de ‘Luta e Honra, Glória e Poder’ (como diz a letra de ‘Ruptura Necessária’), mas com a vantagem das gravações excelentes do século XXI e a experiência acumulada dos músicos, como por exemplo as linhas de baixo incrivelmente pesadas e elegantes de Ricardo Ravache ou dos vocais (mais) fortes e bem afinados de Nilton ‘Cachorrão’ Zanelli, aliados à bateria precisa e sustentadora de Júlio Príncipe e a guitarra áspera e cortante de Roger Vilaplana, esse EP é uma bela porta de entrada para novos fãs e um belo presente aos velhos fãs que se mantiveram fiéis e felizes com o retorno da banda.
  Que venha um álbum completo agora Centurianos!



Discografia oficial anos 80
FOTOS:  Brasil Music Press (http://www.brasilmusicpress.com), Ricardo Ferreira e Kubometal Fotografia Undergound (https://www.facebook.com/KUBOMETALFOTOGRAFIA?fref=ts).
Agradecimentos finais a Ricardo Batalha e todos membros da banda CENTÚRIAS por ter nos atendido tão bem e educadamente, Ricardo Ravache, Nilton Zanelli, Julio Príncipe e Roger Vilaplana.


domingo, 24 de novembro de 2013

22 anos sem ERIC CARR, o maior baterista que o KISS já teve!

  


  No dia 24 de Novembro de 1991 eu ainda tinha 11 anos, estava engatinhando no mundo do Rock and Roll mas já conhecia KISS e QUEEN, óbvio, as duas foram portas de entrada para uma geração inteira de fãs de Rock no Brasil dada a visita das duas bandas ao Brasil no começo da década de 80.
  Nesse exato dia 2 estrelas se apagaram aqui na Terra para se acenderem no Cosmo infinito do Hall da Fama eterna dos verdadeiros astros e artistas do Rock And Roll Mundial, Freddie Mercury e Eric Carr. “Eric quem?” Muitos estão se perguntando. Pois bem, lá vai:

Eric Carr e Freddie Mercury
  Paul Charles Caravello era um baterista de Soul e Black Music dos anos 70 que foi selecionado pelo KISS em 1980 para substituir o já decadente baterista original da banda, o inigualável Peter Criss que naquela época estava em situação crítica, entregue ao álcool e às drogas, uma lástima que se consertou com o tempo, mas bem, na época Paul tinha 30 anos e era de uma família musical, (assistam o documentário ‘Inside the Tale of the Fox’ de 2000) e assim sendo vinha há anos batalhando de banda em banda até que um amigo lhe sugeriu fazer o teste no KISS, banda que ele só conhecia de ouvir falar, mas foi selecionado por Gene Simmons e ganhou a 
personagem de Raposa por ser considerado ‘astuto feito uma raposa’, mas a maquiagem demorou pra sair, Paul Stanley desistiu e foi embora pra casa deixando Paul, agora com o pseudônimo de Eric Carr (afinal 2 Pauls numa banda daria confusão) à sós com o empresário da banda madrugada a dentro desenvolvendo a maquiagem que ele usaria na turnê do “Unmasked”, com o KISS que se iniciou em 25 de Julho de 1980. Já de cara sendo aprovado pela plateia que adorou seu jeito pesado de tocar.
  Gravando o disco “The Elder” com o KISS ninguém ficou sabendo de seu talento, tão pouco de sua existência, pois o disco não tinha fotos e foi um fracasso de vendas (vocês sabem disso) então ele ficou no anonimato até 1982 quando saiu o disco “Creatures of The Night” que trazia ele na capa do disco com a banda e sua bateria LÁ EM CIMA na mixagem. O clipe de ‘I Love it Loud’ literalmente hipnotizou uma geração inteira de bangers com sua batida militar e pegada Heavy Metal. A turnê de 10 anos da banda os trouxe ao Brasil pela primeira vez e todos se lembram do clipe da banda em todos os programas de TV e a música tocava até em rádios AM!

  Mesmo com toda a burrice da imprensa brasileira à época (que já tinha Vinnie Vincent no lugar de Ace Frehley), um dos destaques da transmissão do show deles na TV aberta nacional foi a bateria sobre um tanque de guerra (que era a arte do cartaz da turnê), de onde Eric fazia seu solo animalesco com direito até a tiros do próprio canhão do tanque!
  Detalhe, esse tipo de aparato já tinha sido usado em 1977/1978 pela banda brasileira MADE IN BRAZIL na turnê "Massacre" onde a banda tinha um tanque de guerra azul com estrelas brancas no palco onde a bateria ficava encaixada. Não estou querendo dizer nada com isso, só registrando novamente o pioneirismo brasileiro que foi abruptamente podado pela censura vigente na época.

Tanque/bateria usado na turnê de 10 anos da banda

  Pois bem, Eric passou a década de 80 todinha na banda, gravando ainda os discos “Killers” (coletânea com algumas canções inéditas, lançado em 1982, antes ainda de “Creatures...”), “Lick it Up” de 1983, “Animalize” de 1984, “Asylum” de 1985, “Crazy Nights” de 1987, a coletânea de regravações “Smashes, Thrashes & Hits” de 1988 (onde Eric foi forçado a regravar os vocais de ‘Beth’, eterno hino na voz de Peter Criss e que, segundo consta, quando Peter saiu da banda eles fizeram um acordo de cavalheiros de que a banda nunca mais tocaria ela sem ele na voz, mas hoje sabemos que de ‘cavalheiros’ Gene e Paul não tem nada) e “Hot in the Shade” de 1989 onde Eric teve sua primeira canção cantada num disco da banda, a faixa ‘Little Caesar’, além de vários vídeos.
  Seu último show com a banda fora em 09 de Novembro de 1990 no majestoso Madison Square Garden.

  Em 1991, pouco antes de começarem a gravação do que viria a ser o maravilhoso disco “Revenge” Eric foi diagnosticado com câncer no coração o que o afastou dos trabalhos com a banda, tendo sido suas últimas participações em algo assim os backing vocals da canção ‘God Gave Rock And Roll to You II’ para a trilha sonora do filme “Bill & Ted Bogus Journey” e o vídeo clipe para a mesma faixa, onde ele já usava peruca devido ao tratamento intensivo contra o câncer que o venceu levando-o no dia 24 de novembro de 1991, o mesmo dia em que a AIDS vencia a maior voz que o Hard Rock já ouviu, Freddie Mercury da contemporânea banda britânica QUEEN, o que ofuscou a notícia da morte de Eric na imprensa em geral, afinal morria FREDDIE MERCURY, não era qualquer um, mas nos corações dos verdadeiros fãs de Hard Rock aquela perda também foi sentida e em 1992 o KISS lança o disco “Revenge” (http://www.tocadoshark.blogspot.com.br/2012/05/20-anos-de-revenge-trilha-da-minha.html) com o novo baterista Eric Singer e aquela versão de ‘God Gave...’ com os backing vocals de Carr estava lá além de uma pequena vinheta final instrumental chamada ‘Carr Jam’ que terminava com um solo de bateria dele em fade out, nada mais era do que uma composição que Eric fizera com Ace Frehley lá nos idos dos 80’s (e que acabou virando a faixa ‘Breakout’ do disco solo de Ace “Frehley’s Comet” de 1987), com a pista de guitarra original substituída por uma de Bruce Kulick, esse que foi seu parceiro até os últimos minutos de vida.
  Até hoje o KISS é duramente criticado pelos fãs por não terem feito uma homenagem decente a quem tanto contribuiu para manter a banda em pé por uma década. Tanto é que a maquiagem dele é a única que não pertence à banda e sim à mãe de Eric Carr, por isso não vemos Gene explorando tanto a imagem de The Fox nos merchandising da banda.

  Ainda em 2000 sairia um álbum solo de Eric Carr chamado “Rockology” com 12 canções que ele fizera durante os anos de KISS (que nunca foram aproveitadas pela banda) e que foram finalmente finalizadas pelo seu companheiro no KISS Bruce Kulick que também produziu o disco e ajudou a família Caravello a lançá-lo no mercado. Já em 2011 em honra aos 20 anos de sua morte saiu o “Unfinished Business” de novo com o apoio de Bruce Kulick entre tantos outros músicos do Hard oitentista.


  Fica aqui registrada minha pequena homenagem a quem me fez entrar no mundo do ROCK AND ROLL através de suas batidas hipnóticas em ‘I Love it Loud’!

  Honra e Respeito à Eric Carr e sua família.


Cartaz promocional da Turnê de 10 anos com o tanque


Imagens retiradas da internet.